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domingo, 22 de março de 2015




 Um planeta em risco, um homem em queda

 Atualmente, o planeta Terra tem enfrentado vários problemas, muitas das vezes causados pelo ser humano. Todos os componentes do nosso planeta e as suas interações globais constituem o sistema Terra. De entre esses componentes podemos constatar a existência de água abundante, uma atmosfera pouco espessa e gasosa que permite, entre outras funções, a absorção de radiações nocivas provenientes do Sol. Ao longo da evolução, a espécie humana foi aumentando progressivamente a sua complexidade de pensar e agir, o que permitiu adquirir novas formas de nos adaptarmos ao meio envolvente, bem como uma enorme capacidade de modificar o presente e influenciar o futuro. E essas modificações têm vindo a produzir efeitos cada vez mais vastos e com impactos ambientais cada vez mais profundos no planeta, tanto a níveis locais, como globais. Uma das preocupações que atualmente inquieta a Humanidade é o crescimento populacional, pois implica a procura de alimento, água, energia, ou seja, todos os recursos naturais que a Terra dispõe. Há medida que a população e o desenvolvimento tecnológico e económico crescem, também a degradação ambiental aumenta. Um dos maiores problemas da atualidade é o buraco da camada do ozono, que foi maioritariamente causado pelos CFC´s (clorofluorcarbonetos) que foram utilizados pela primeira vez em 1920. Como eram inertes, não tóxicos, não inflamáveis e não combustíveis começaram a ser usados como fluidos em frigoríficos, mas mais intensamente em sprays (lacas, tintas), solventes, etc. Foram considerados uma maravilha química, até se descobrir o seu efeito destruidor da camada de ozono. Como eram voláteis e estáveis, conseguiram ultrapassar a troposfera atingindo a estratosfera, fazendo com que os átomos de cloro reagissem com o ozono, destruindo-o e originando oxigénio e novamente cloro. Ora o cloro desempenha um papel de catalisador (inicia séries de reações em cadeia). Como na Estratosfera se localiza 90% de todo o ozono atmosférico, esse vai absorver as radiações ultravioletas emitidas pelo Sol, mas devido à destruição da camada do ozono os raios têm maior probabilidade de atingirem a Terra e provocarem doenças nos seres humanos. Além dos CFC´s, outro contaminante que provoca a destruição da camada de ozono são os pesticidas (que contêm bromometano) utilizados na agricultura.
Outro grande problema que afeta o planeta é o efeito de estufa causado pelo aumento de CO2, resultante da queima de combustíveis fosseis e dos incêndios florestais, que origina o aumento da temperatura, provocando o degelo dos polos e, consequentemente o aumento do nível médio das águas do mar levando a que muitas áreas fiquem submersas, percam o seu habitat, o que potencia a extinção de muitas espécies. Estas espécies são essenciais à nossa vida no planeta mesmo que não façamos a mínima ideia. Einstein disse: “ Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem tem apenas 4 anos de vida”, pois as abelhas têm um papel essencial na polinização, e a sua extinção determinará, a breve trecho, a extinção da própria Humanidade. Paradoxalmente após a extinção do Homem a terra floresceria.
Os problemas que a ambiente enfrenta exigem a adoção de políticas como o desenvolvimento sustentável, que é um modelo de desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.  
A preocupação com o planeta está na ordem do dia e o cuidado com o planeta também. Então no domínio da filosofia surgiu mesmo uma nova disciplina, a Ética Ambiental. Em termos gerais a Ética Ambiental reflete sobre várias questões, de entre as quais o problema de saber se a natureza é ou não um sujeito de direito. Esta disciplina filosófica defende que o ambiente deve ser incluído nas nossas preocupações morais e nas nossas decisões. Mas deveremos preocupar-nos com o ambiente em nome do quê? Dos seres humanos cuja existência depende de um planeta habitável? Ou da Natureza, vista como um sujeito de direito?
Este problema tem suscitado uma pluralidade de respostas, muitas delas diametralmente opostas.
O Utilitarismo, por exemplo, defende que cada pessoa deve articular os seus interesses particulares com os interesses mais comuns, de forma a proporcionar a máxima felicidade ao maior número de pessoas. Para o utilitarismo o valor moral de uma ação reside na sua utilidade, nas consequências que produz. O utilitarismo considera que a Natureza não tem um valor em si mesma, tem apenas um valor instrumental. Nesta ordem de ideias, a proteção da natureza é um meio, cuja finalidade é a salvaguarda da vida humana. Por outras palavras, devemos respeitar o ambiente porque dependemos dele. Trata-se de uma perspetiva antropocêntrica, na medida em que coloca os interesses do homem no centro das suas preocupações.
Outros filósofos, põem a tónica na proteção das gerações futuras, sem negarem a centralidade da vida humana nas suas preocupações ambientais. Defendem que as gerações futuras têm direito a um planeta habitável. Defendem que devemos agir de modo a que as consequências da nossa ação sejam compatíveis com uma vida autenticamente humana na terra. A responsabilidade que temos em relação às gerações futuras exige que ajamos no sentido de a preservar a vida, de modo a que os nossos filhos e netos possam usufruir dos recursos que ela dispõe. Nós não somos apenas racionalidade, somos natureza e, sempre que pomos em risco a natureza, colocamo-nos em perigo de extinção.
Os ambientalistas radicais conferem à natureza um papel central. Defendem que a Natureza deve ser protegida e respeitada independentemente dos interesses humanos, pois a natureza tem direitos. A Natureza tem um valor próprio independentemente da sua utilidade para o ser humano. Afastam-se do utilitarismo, ao considerarem que o homem não está no centro do Universo e, por isso mesmo, não podem nem dominar, nem controlar a natureza. Os ecologistas radicais advogam que os danos nos ecossistemas são tão profundo que será necessário a redução da população humana. Discordam também dos que dizem que devemos proteger a natureza para as gerações futuras, pois do seu ponto de vista a natureza pode ser reduzida a um instrumento. Os direitos da Natureza são absolutos, devemos respeitá-la em si mesma independentemente dos nossos interesses.
Eu identifico-me com os ambientalistas radicais pois nós somos produto da natureza logo, devemos proteger os seus direitos. O homem não está no centro do Universo, mas a sua racionalidade confere-lhe a responsabilidade de proteger o meio ambiente e as espécies que o povoam. Sem a natureza não existiríamos, mas a natureza sem nós recuperaria dos danos que lhe têm sido infligidos ao longo de décadas. A única critica que tenho a fazer aos ambientalistas radicais é o facto de evidenciarem algum desprezo pela espécie humana e atribuírem maior valor à natureza do que ao homem, esquecendo que o homem também um ser da Natureza.
Não concordo com a tese utilitarista, na medida em que instrumentaliza a natureza. Os utilitaristas têm uma visão muito antropocêntrica, da qual discordo. A natureza não está ao serviço do homem, tem direitos. A natureza deve ser protegida porque somos o resultado de um longo processo filogenético e antropogenético.

Daniela Oliveira Gomes, aluna do Curso de Ciências e Tecnologias, 10º A


T., 11 anos

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