Um planeta em risco, um homem em
queda
Atualmente, o planeta Terra tem enfrentado vários
problemas, muitas das vezes causados pelo ser humano. Todos os componentes do
nosso planeta e as suas interações globais constituem o sistema Terra. De entre
esses componentes podemos constatar a existência de água abundante, uma
atmosfera pouco espessa e gasosa que permite, entre outras funções, a absorção
de radiações nocivas provenientes do Sol. Ao longo da evolução, a espécie
humana foi aumentando progressivamente a sua complexidade de pensar e agir, o
que permitiu adquirir novas formas de nos adaptarmos ao meio envolvente, bem como
uma enorme capacidade de modificar o presente e influenciar o futuro. E essas
modificações têm vindo a produzir efeitos cada vez mais vastos e com impactos
ambientais cada vez mais profundos no planeta, tanto a níveis locais, como
globais. Uma das preocupações que atualmente inquieta a Humanidade é o
crescimento populacional, pois implica a procura de alimento, água, energia, ou
seja, todos os recursos naturais que a Terra dispõe. Há medida que a população
e o desenvolvimento tecnológico e económico crescem, também a degradação
ambiental aumenta. Um dos maiores problemas da atualidade é o buraco da camada
do ozono, que foi maioritariamente causado pelos CFC´s (clorofluorcarbonetos) que
foram utilizados pela primeira vez em 1920. Como eram inertes, não tóxicos, não
inflamáveis e não combustíveis começaram a ser usados como fluidos em
frigoríficos, mas mais intensamente em sprays
(lacas, tintas), solventes, etc. Foram considerados uma maravilha química,
até se descobrir o seu efeito destruidor da camada de ozono. Como eram voláteis
e estáveis, conseguiram ultrapassar a troposfera atingindo a estratosfera,
fazendo com que os átomos de cloro reagissem com o ozono, destruindo-o e
originando oxigénio e novamente cloro. Ora o cloro desempenha um papel de
catalisador (inicia séries de reações em cadeia). Como na Estratosfera se
localiza 90% de todo o ozono atmosférico, esse vai absorver as radiações
ultravioletas emitidas pelo Sol, mas devido à destruição da camada do ozono os
raios têm maior probabilidade de atingirem a Terra e provocarem doenças nos
seres humanos. Além dos CFC´s, outro contaminante que provoca a destruição da
camada de ozono são os pesticidas (que contêm bromometano) utilizados na
agricultura.
Outro
grande problema que afeta o planeta é o efeito de estufa causado pelo aumento
de CO2, resultante da queima de combustíveis fosseis e dos incêndios
florestais, que origina o aumento da temperatura, provocando o degelo dos polos
e, consequentemente o aumento do nível médio das águas do mar levando a que
muitas áreas fiquem submersas, percam o seu habitat, o que potencia a extinção
de muitas espécies. Estas espécies são essenciais à nossa vida no planeta mesmo
que não façamos a mínima ideia. Einstein disse: “ Quando as abelhas
desaparecerem da face da Terra, o homem tem apenas 4 anos de vida”, pois as
abelhas têm um papel essencial na polinização, e a sua extinção determinará, a
breve trecho, a extinção da própria Humanidade. Paradoxalmente após a extinção
do Homem a terra floresceria.
Os
problemas que a ambiente enfrenta exigem a adoção de políticas como o
desenvolvimento sustentável, que é um modelo de desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades.
A
preocupação com o planeta está na ordem do dia e o cuidado com o planeta
também. Então no domínio da filosofia surgiu mesmo uma nova disciplina, a Ética
Ambiental. Em termos gerais a Ética Ambiental reflete sobre várias questões, de
entre as quais o problema de saber se a natureza é ou não um sujeito de
direito. Esta disciplina filosófica defende que o ambiente deve ser incluído
nas nossas preocupações morais e nas nossas decisões. Mas deveremos
preocupar-nos com o ambiente em nome do quê? Dos seres humanos cuja existência
depende de um planeta habitável? Ou da Natureza, vista como um sujeito de
direito?
Este
problema tem suscitado uma pluralidade de respostas, muitas delas
diametralmente opostas.
O Utilitarismo, por exemplo, defende que cada pessoa deve
articular os seus interesses particulares com os interesses mais comuns, de
forma a proporcionar a máxima felicidade ao maior número de pessoas. Para o
utilitarismo o valor moral de uma ação reside na sua utilidade, nas
consequências que produz. O utilitarismo considera que a Natureza não tem um
valor em si mesma, tem apenas um valor instrumental. Nesta ordem de ideias, a
proteção da natureza é um meio, cuja finalidade é a salvaguarda da vida humana.
Por outras palavras, devemos respeitar o ambiente porque dependemos dele. Trata-se
de uma perspetiva antropocêntrica, na medida em que coloca os interesses do
homem no centro das suas preocupações.
Outros filósofos, põem a tónica na proteção das gerações
futuras, sem negarem a centralidade da vida humana nas suas preocupações
ambientais. Defendem que as gerações futuras têm direito a um planeta
habitável. Defendem que devemos agir de modo a que as consequências da nossa
ação sejam compatíveis com uma vida autenticamente humana na terra. A
responsabilidade que temos em relação às gerações futuras exige que ajamos no
sentido de a preservar a vida, de modo a que os nossos filhos e netos possam
usufruir dos recursos que ela dispõe. Nós não somos apenas racionalidade, somos
natureza e, sempre que pomos em risco a natureza, colocamo-nos em perigo de
extinção.
Os ambientalistas radicais conferem à natureza um papel
central. Defendem que a Natureza deve ser protegida e respeitada
independentemente dos interesses humanos, pois a natureza tem direitos. A
Natureza tem um valor próprio independentemente da sua utilidade para o ser
humano. Afastam-se do utilitarismo, ao considerarem que o homem não está no
centro do Universo e, por isso mesmo, não podem nem dominar, nem controlar a
natureza. Os ecologistas radicais advogam que os danos nos ecossistemas são tão
profundo que será necessário a redução da população humana. Discordam também
dos que dizem que devemos proteger a natureza para as gerações futuras, pois do
seu ponto de vista a natureza pode ser reduzida a um instrumento. Os direitos
da Natureza são absolutos, devemos respeitá-la em si mesma independentemente dos
nossos interesses.
Eu identifico-me
com os ambientalistas radicais pois nós somos produto da natureza logo, devemos
proteger os seus direitos. O homem não está no centro do Universo, mas a sua
racionalidade confere-lhe a responsabilidade de proteger o meio ambiente e as
espécies que o povoam. Sem a natureza não existiríamos, mas a natureza sem nós recuperaria
dos danos que lhe têm sido infligidos ao longo de décadas. A única critica que
tenho a fazer aos ambientalistas radicais é o facto de evidenciarem algum
desprezo pela espécie humana e atribuírem maior valor à natureza do que ao
homem, esquecendo que o homem também um ser da Natureza.
Não concordo com a tese utilitarista,
na medida em que instrumentaliza a natureza. Os utilitaristas têm uma visão
muito antropocêntrica, da qual discordo. A natureza não está ao serviço do
homem, tem direitos. A natureza deve ser protegida porque somos o resultado de
um longo processo filogenético e antropogenético.
Daniela Oliveira Gomes,
aluna do Curso de Ciências e Tecnologias, 10º A
T., 11 anos |
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