A Terra: Um Planeta em Risco
O
Renascimento é claramente um período antropocêntrico: homem ocupa um lugar
central no universo natural e social. As inovações científicas, protagonizadas
por cientistas cada vez mais conhecedores do Mundo que os rodeava, começaram a
surgir mais frequentemente e a serem aplicadas com maior sabedoria. A Ciência
aumentou a sua eficácia. Por exemplo, o aumento do conhecimento do Homem e da
vida ajudou ao grande feito, que foi a descoberta da vacina, permitindo salvar
vidas, diminuir a mortalidade e melhorar as condições de vida das pessoas.
Contudo, as inovações científicas aumentaram a capacidade do Homem para
explorar os recursos e de os rentabilizar, o que originou, por exemplo a
Revolução Industrial: as necessidades da Sociedade impeliram a Ciência a
encontrar soluções para a satisfação dessas necessidades. Contudo, em muitos
casos, a aplicação pouco conscienciosa das descobertas científicas, dependente,
quase unicamente, de interesses económicos, prejudicou o Ambiente. Urge frisar
que, em si mesmas, as descobertas científicas não são boas nem más. Boa ou má é
a sua aplicação, isto é, a obediência ou não a princípios ético-morais.
Em meados do século XX, a crise
do petróleo, gerada pelo consumo desmedido das sociedades, após o ressurgimento
das indústrias gravemente afetadas na Segunda Guerra, colocou a questão: “Será
que podemos continuar assim? Será que as reservas nos chegam?”. Também se
notava que havia menos vida selvagem e a Ciência, mais evoluída, descobriu a
verdade fria e crua dos efeitos nefastos que se geravam. Então as pessoas
começaram a reciclar, poupar água, eletricidade e combustíveis fósseis,
todavia, depois do preço do petróleo ter descido, as preocupações diminuíram,
até que, ainda com mais inovações científicas, mais alarmes se geraram: animais
a extinguirem-se, glaciares a recuarem.
Hoje, apesar de tudo, vários
problemas mantêm-se e aumentam. Os poluentes, materiais que são depositados no
ambiente a uma escala mais rápida da que o ambiente os consegue eliminar e que
têm efeitos prejudiciais à saúde, modificam negativamente o planeta. Na
atmosfera, os gases vestigiais estão a tornar-se poluentes e provocam vários
efeitos: O agravamento do Efeito de Estufa; o buraco na camada do ozono; as
chuvas ácidas; o smog.
O efeito de estufa resulta da
retenção do calor refletido pela superfície da Terra, por parte da atmosfera. É
necessário para que tenhamos vida na Terra, pois mantém as temperaturas amenas
e constantes. Certos gases, como o dióxido de carbono (CO2), o
metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor de água e
as partículas sólidas provocam este efeito. Contudo, com o aumento da
concentração de CO2, proveniente da queima de combustíveis fósseis,
CH4, de plantações agrícolas intensivas e N2O na
atmosfera, o efeito de estufa também tem aumentado o que agudiza o aquecimento
global. Este aquecimento global poderá provocar o degelo das calotes polares e,
por conseguinte o aumento do nível médio das águas do mar, secas em certos
locais, grande precipitação noutros e extinção de espécies, que não resistem às
alterações climáticas, como os corais.
A camada do ozono é composta por
moléculas de ozono (O3). Pensa-se que os primeiros seres vivos,
bactérias fotossintéticas, que transformavam o CO2, com a luz solar,
em oxigénio (O2), ao expelirem moléculas de O2, este,
após reações químicas, transforma-se em moléculas de O3. Este gás
está maioritariamente na Estratosfera, a segunda camada atmosférica a contar da
superfície terrestre, e funciona como um filtro às radiações UV, muito
energéticas, que são prejudiciais à vida. Após a formação desta camada, os
seres vivos aquáticos puderam colonizar os continentes, visto que as radiações
UV não chegavam à superfície terrestre. Os clorofluorcarbonetos (CFC) reagem
com o ozono, fazendo com que seja mais rarefeito em certas zonas, nomeadamente,
sobre a Antártida. As radiações UV, assim, chegam à superfície terrestre e
podem provocar cancro de pele e inibir o sistema imunitário humano.
A queima de combustíveis fósseis
origina também dióxido de azoto (NO2) e dióxido de enxofre (SO2).
Estes reagem com a água das chuvas e criam, respetivamente, ácido nítrico e
sulfúrico. Estas chuvas provocam a acidificação dos solos, rios e lagos (lagos
acidíferos – lagos cristalinos, por serem ácidos e não terem seres vivos) e,
assim, erosão dos solos, diminuição dos rendimentos agrícolas e desaparecimento
de seres vivos, corrosão de monumentos em mármore, destruição de florestas e
problemas do foro respiratório na população.
O smog (smoke - fumo) + fog
(nevoeiro). É a combinação de nevoeiro e fumo. Normalmente, o ar é mais
quente junto ao solo e, por ser menos denso, sobe, arrastando consigo os
poluentes, porém, em situações de inversão térmica, onde o ar é mais frio junto
ao solo e mais quente acima, impedido de subir por outra camada de ar frio
acima, os poluentes não se espalham. Este fenómeno, normalmente, forma o smog. Provoca problemas respiratórios,
irritações na garganta e olhos e dores de cabeça.
Contudo, não é só a emissão de
poluentes que é prejudicial ao ambiente. A exploração de recursos e os resíduos
provenientes do seu uso, também colocam problemas, para além da emissão e
deposição de poluentes, como a produção de resíduos e alterações paisagísticas.
Sendo a Terra um sistema quase fechado, os nossos recursos são finitos e os
resíduos permanecerão cá. Então, é necessário a implementação do
desenvolvimento sustentável, que consiste em satisfazer as necessidades das
gerações atuais sem pôr em causa, prejudicar ou esgotar os recursos, assegurando
a satisfação das necessidades das gerações futuras. Para isto, é necessária a
implementação de certas medidas, que implicam, principalmente, a redução do
consumo de recursos e aumento da valorização de resíduos e estruturas ligadas à
exploração de recursos:
- Gestão dos RSU – Reciclar, Reduzir e
Reutilizar – Há a valorização dos resíduos. A Reciclagem consiste na
recuperação ou regeneração de matérias dos resíduos para a produção de novos
produtos; reduzir consiste na diminuição da quantidade de matérias-primas que
utilizamos; reutilizar é usar de novo certos produtos, que já não têm a sua
utilidade original, mas podem ser utilizados para outros fins. Estes processos
permitem o grande aproveitamento dos recursos e a diminuição de poluentes
prejudiciais resultantes da captação e transformação de recursos em bruto.
Seguindo os 3 R’S, reduzimos o consumo e o desperdício e, assim, os resíduos;
- Conservação do Património Geológico – a
conservação dos geossítios, locais de interesse geológico, irá promover a
gestão sustentável da geosfera superficial;
- Conferências Mundiais e Ambiente – os diálogos
entre países irão promover a tomada de decisões, com vista à melhor utilização
de recursos, visto que os governantes têm maior facilidade em impor medidas,
tendo em conta a discussão de necessidades de utilização de recursos, ou seja,
a discussão dos casos de cada país;
- Recuperação de Áreas Degradadas – a extração
de recursos e a deposição de resíduos irão alterar a paisagem, degradando-a.
Para se lidar com esse desperdício (desperdício de espaço, etc.), pode
converter-se essas áreas em zonas reabilitadas, como por exemplo, o Estádio
Municipal de Braga, que era uma antiga pedreira.
A Sociedade, a Economia, o
Ambiente e a Tecnologia devem encontrar soluções, para que, no desenvolvimento
de um destes campos, os outros não saiam prejudicados, por exemplo, no desenvolvimento
económico não se deve pôr de parte o ambiente. Deve haver um equilíbrio que
promova o desenvolvimento sustentável.
Com estes problemas do Ambiente,
a Ética Ambiental ganhou uma grande importância. Defende que o Homem deve
preocupar-se com o Ambiente. A questão que coloca é: “Sabemos que é nosso dever
proteger o meio, mas por que razão? Qual é o fundamento da responsabilidade
ecológica?” Há três respostas a esta pergunta.
Uma corrente filosófica afirma
que todos os que existem e existirão têm a oportunidade de satisfazer as suas
necessidades e de ver a beleza da Natureza. Como somos da Natureza, temos de
proteger e cuidar dela. Penso que devemos estar unidos com a Natureza, quando
retirarmos dela o que necessitamos, quando a ajudamos a repor o que extraímos
dela. Afinal somos do Ambiente e os nossos filhos e netos também o serão.
O utilitarismo afirma que uma
ação é boas ou má em função das suas consequências. O valor das coisas pode ser
intrínseco ou instrumental e defende que a natureza tem esta última
característica. Devemos protegê-la para o Homem sobreviver, pois depende dela.
É uma perspetiva antropocêntrica: os interesses do Homem são supremos.
Outra tese afirma que a natureza
tem um valor intrínseco, tem direitos: Ecologia Profunda. Devemos proteger o
ambiente porque tem um valor em si mesmo. O seu valor não é apenas
instrumental. Devemos rejeitar o antropocentrismo, pois este é destrutivo. É
uma ética biocêntrica. Esta tese, contudo, evidencia algum desprezo pela
espécie humana e pode afirmar-se que a natureza não tem diretos, pois não tem
deveres. Também um vírus mortal teria direitos por pertencer à natureza, como por
exemplo o vírus da SIDA.
Na minha opinião, a tese correta
é a que afirma que os interesses humanos devem estar no centro das nossas
preocupações, pois, na minha opinião, devemos proteger o ambiente porque as
gerações seguintes têm o mesmo direito de existir e de satisfazer as suas
necessidades. Penso que o Homem, sendo um ser da Natureza, deve protegê-la,
pois tem a origem nela.
António Teixeira, aluno do Curso de Ciências e Tecnologias, 10º B
BIBLIOGRAFIA:
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