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sábado, 21 de março de 2015



A Terra: Um Planeta em Risco

O Renascimento é claramente um período antropocêntrico: homem ocupa um lugar central no universo natural e social. As inovações científicas, protagonizadas por cientistas cada vez mais conhecedores do Mundo que os rodeava, começaram a surgir mais frequentemente e a serem aplicadas com maior sabedoria. A Ciência aumentou a sua eficácia. Por exemplo, o aumento do conhecimento do Homem e da vida ajudou ao grande feito, que foi a descoberta da vacina, permitindo salvar vidas, diminuir a mortalidade e melhorar as condições de vida das pessoas. Contudo, as inovações científicas aumentaram a capacidade do Homem para explorar os recursos e de os rentabilizar, o que originou, por exemplo a Revolução Industrial: as necessidades da Sociedade impeliram a Ciência a encontrar soluções para a satisfação dessas necessidades. Contudo, em muitos casos, a aplicação pouco conscienciosa das descobertas científicas, dependente, quase unicamente, de interesses económicos, prejudicou o Ambiente. Urge frisar que, em si mesmas, as descobertas científicas não são boas nem más. Boa ou má é a sua aplicação, isto é, a obediência ou não a princípios ético-morais.
                Em meados do século XX, a crise do petróleo, gerada pelo consumo desmedido das sociedades, após o ressurgimento das indústrias gravemente afetadas na Segunda Guerra, colocou a questão: “Será que podemos continuar assim? Será que as reservas nos chegam?”. Também se notava que havia menos vida selvagem e a Ciência, mais evoluída, descobriu a verdade fria e crua dos efeitos nefastos que se geravam. Então as pessoas começaram a reciclar, poupar água, eletricidade e combustíveis fósseis, todavia, depois do preço do petróleo ter descido, as preocupações diminuíram, até que, ainda com mais inovações científicas, mais alarmes se geraram: animais a extinguirem-se, glaciares a recuarem.
                Hoje, apesar de tudo, vários problemas mantêm-se e aumentam. Os poluentes, materiais que são depositados no ambiente a uma escala mais rápida da que o ambiente os consegue eliminar e que têm efeitos prejudiciais à saúde, modificam negativamente o planeta. Na atmosfera, os gases vestigiais estão a tornar-se poluentes e provocam vários efeitos: O agravamento do Efeito de Estufa; o buraco na camada do ozono; as chuvas ácidas; o smog.
O efeito de estufa resulta da retenção do calor refletido pela superfície da Terra, por parte da atmosfera. É necessário para que tenhamos vida na Terra, pois mantém as temperaturas amenas e constantes. Certos gases, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor de água e as partículas sólidas provocam este efeito. Contudo, com o aumento da concentração de CO2, proveniente da queima de combustíveis fósseis, CH4, de plantações agrícolas intensivas e N2O na atmosfera, o efeito de estufa também tem aumentado o que agudiza o aquecimento global. Este aquecimento global poderá provocar o degelo das calotes polares e, por conseguinte o aumento do nível médio das águas do mar, secas em certos locais, grande precipitação noutros e extinção de espécies, que não resistem às alterações climáticas, como os corais.
A camada do ozono é composta por moléculas de ozono (O3). Pensa-se que os primeiros seres vivos, bactérias fotossintéticas, que transformavam o CO2, com a luz solar, em oxigénio (O2), ao expelirem moléculas de O2, este, após reações químicas, transforma-se em moléculas de O3. Este gás está maioritariamente na Estratosfera, a segunda camada atmosférica a contar da superfície terrestre, e funciona como um filtro às radiações UV, muito energéticas, que são prejudiciais à vida. Após a formação desta camada, os seres vivos aquáticos puderam colonizar os continentes, visto que as radiações UV não chegavam à superfície terrestre. Os clorofluorcarbonetos (CFC) reagem com o ozono, fazendo com que seja mais rarefeito em certas zonas, nomeadamente, sobre a Antártida. As radiações UV, assim, chegam à superfície terrestre e podem provocar cancro de pele e inibir o sistema imunitário humano.
                A queima de combustíveis fósseis origina também dióxido de azoto (NO2) e dióxido de enxofre (SO2). Estes reagem com a água das chuvas e criam, respetivamente, ácido nítrico e sulfúrico. Estas chuvas provocam a acidificação dos solos, rios e lagos (lagos acidíferos – lagos cristalinos, por serem ácidos e não terem seres vivos) e, assim, erosão dos solos, diminuição dos rendimentos agrícolas e desaparecimento de seres vivos, corrosão de monumentos em mármore, destruição de florestas e problemas do foro respiratório na população.
                O smog (smoke - fumo) + fog (nevoeiro). É a combinação de nevoeiro e fumo. Normalmente, o ar é mais quente junto ao solo e, por ser menos denso, sobe, arrastando consigo os poluentes, porém, em situações de inversão térmica, onde o ar é mais frio junto ao solo e mais quente acima, impedido de subir por outra camada de ar frio acima, os poluentes não se espalham. Este fenómeno, normalmente, forma o smog. Provoca problemas respiratórios, irritações na garganta e olhos e dores de cabeça.
                Contudo, não é só a emissão de poluentes que é prejudicial ao ambiente. A exploração de recursos e os resíduos provenientes do seu uso, também colocam problemas, para além da emissão e deposição de poluentes, como a produção de resíduos e alterações paisagísticas. Sendo a Terra um sistema quase fechado, os nossos recursos são finitos e os resíduos permanecerão cá. Então, é necessário a implementação do desenvolvimento sustentável, que consiste em satisfazer as necessidades das gerações atuais sem pôr em causa, prejudicar ou esgotar os recursos, assegurando a satisfação das necessidades das gerações futuras. Para isto, é necessária a implementação de certas medidas, que implicam, principalmente, a redução do consumo de recursos e aumento da valorização de resíduos e estruturas ligadas à exploração de recursos:
 - Gestão dos RSU – Reciclar, Reduzir e Reutilizar – Há a valorização dos resíduos. A Reciclagem consiste na recuperação ou regeneração de matérias dos resíduos para a produção de novos produtos; reduzir consiste na diminuição da quantidade de matérias-primas que utilizamos; reutilizar é usar de novo certos produtos, que já não têm a sua utilidade original, mas podem ser utilizados para outros fins. Estes processos permitem o grande aproveitamento dos recursos e a diminuição de poluentes prejudiciais resultantes da captação e transformação de recursos em bruto. Seguindo os 3 R’S, reduzimos o consumo e o desperdício e, assim, os resíduos;
 - Conservação do Património Geológico – a conservação dos geossítios, locais de interesse geológico, irá promover a gestão sustentável da geosfera superficial;
 - Conferências Mundiais e Ambiente – os diálogos entre países irão promover a tomada de decisões, com vista à melhor utilização de recursos, visto que os governantes têm maior facilidade em impor medidas, tendo em conta a discussão de necessidades de utilização de recursos, ou seja, a discussão dos casos de cada país;
 - Recuperação de Áreas Degradadas – a extração de recursos e a deposição de resíduos irão alterar a paisagem, degradando-a. Para se lidar com esse desperdício (desperdício de espaço, etc.), pode converter-se essas áreas em zonas reabilitadas, como por exemplo, o Estádio Municipal de Braga, que era uma antiga pedreira.
A Sociedade, a Economia, o Ambiente e a Tecnologia devem encontrar soluções, para que, no desenvolvimento de um destes campos, os outros não saiam prejudicados, por exemplo, no desenvolvimento económico não se deve pôr de parte o ambiente. Deve haver um equilíbrio que promova o desenvolvimento sustentável.
                Com estes problemas do Ambiente, a Ética Ambiental ganhou uma grande importância. Defende que o Homem deve preocupar-se com o Ambiente. A questão que coloca é: “Sabemos que é nosso dever proteger o meio, mas por que razão? Qual é o fundamento da responsabilidade ecológica?” Há três respostas a esta pergunta.
                Uma corrente filosófica afirma que todos os que existem e existirão têm a oportunidade de satisfazer as suas necessidades e de ver a beleza da Natureza. Como somos da Natureza, temos de proteger e cuidar dela. Penso que devemos estar unidos com a Natureza, quando retirarmos dela o que necessitamos, quando a ajudamos a repor o que extraímos dela. Afinal somos do Ambiente e os nossos filhos e netos também o serão.
                O utilitarismo afirma que uma ação é boas ou má em função das suas consequências. O valor das coisas pode ser intrínseco ou instrumental e defende que a natureza tem esta última característica. Devemos protegê-la para o Homem sobreviver, pois depende dela. É uma perspetiva antropocêntrica: os interesses do Homem são supremos.
                Outra tese afirma que a natureza tem um valor intrínseco, tem direitos: Ecologia Profunda. Devemos proteger o ambiente porque tem um valor em si mesmo. O seu valor não é apenas instrumental. Devemos rejeitar o antropocentrismo, pois este é destrutivo. É uma ética biocêntrica. Esta tese, contudo, evidencia algum desprezo pela espécie humana e pode afirmar-se que a natureza não tem diretos, pois não tem deveres. Também um vírus mortal teria direitos por pertencer à natureza, como por exemplo o vírus da SIDA.
                Na minha opinião, a tese correta é a que afirma que os interesses humanos devem estar no centro das nossas preocupações, pois, na minha opinião, devemos proteger o ambiente porque as gerações seguintes têm o mesmo direito de existir e de satisfazer as suas necessidades. Penso que o Homem, sendo um ser da Natureza, deve protegê-la, pois tem a origem nela.
                                    António Teixeira, aluno do Curso de Ciências e Tecnologias, 10º B

BIBLIOGRAFIA:
 Ø  DIAS DA SILVA, Amparo; SANTOS, Maria Ermelinda; GRAMAXO, Fernando; FERNANDES MESQUITA, Almira; BALDAIA, Ludovina; FÉLIX, José Mário; Terra, Universo de Vida | 1.ª Parte – Geologia. Biologia e Geologia 10.º Ano; 1.ª Edição; Porto Editora; 2014                                                      

Ø  DANTAS, Maria da Conceição; RAMALHO, Marta Duarte; JOGO DE PARTÍCULAS A, Física e Química A – QUÍMICA – Bloco 1 10.º/11.º ano; Lisboa; 2008
 Ø  RODRIGUES, Arinda; Coelho, João; Viagens Contrastes de Desenvolvimento Ambiente e Sociedade Geografia – 9.º ano; 1.ª Edição; Texto Editores; Lisboa; 2013
 Ø  ANTUNES, Cristina; BISPO, Manuela; GUINDEIRA, Paula; Novo Descobrir a Terra 8 Ciências Físicas e Naturais Terceiro Ciclo do Ensino Básico; 1.ª Edição; Areal Editores; 2012


O Império do Desperdício

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