Ecorreflexão…
O nosso planeta está em risco, pois dia após dia é alvo
de constantes agressões. Se não respeitarmos e preservamos o nosso planeta, se
não tomarmos consciência que dele fazemos parte, a longo prazo, desapareceremos
da face da terra. O uso excessivo dos recursos naturais, o aumento do efeito de
estufa, o aquecimento global e o consequente degelo dos glaciares e a extinção
de inúmeras espécies são alguns dos problemas mais graves que o planeta
enfrenta.
Apesar destes problemas serem os mais graves que o planeta
enfrenta a larga escala, é importante sublinhar que não são os únicos que põem
em causa a vida na terra tal como a conhecemos. A título de exemplo podemos
referir o uso de pesticidas, que ao alterar a composição das plantas, as envenena,
acabando por destruí-las; o uso de uma agricultura agressiva, que muitos povos praticam,
queimando florestas para fertilizar os campos, põe em causa a biodiversidade.
Estes problemas têm dado origem a variadíssimas reflexões
filosóficas. A filosofia é um saber histórico, ocupa-se dos problemas que
afetam o seu tempo. Ora vivemos num tempo, em que os problemas ambientais estão
na ordem do dia.
Inspirados em Jeremy Bentham e John Stuart Mill, alguns
filósofos colocam o homem e o centro é o centro do universo e defendem que o
planeta terra e as espécies que nele habitam estão ao serviço do homem. Devemos
proteger a vida na terra, porque ao fazê-lo asseguramos a nossa própria
sobrevivência.
Hans Jonas defende uma ecologia humanista. Reconhece que
o homem ocupa um lugar central na natureza, no entanto a natureza tem direitos e
por isso devemos respeita-la para que as gerações futuras desfrutem de um
planeta habitável, tal como nós desfrutamos. Para Jonas o homem é um fim e um
valor absoluto, mas isso não significa que a natureza não seja um elemento
essencial da nossa existência, enquanto condição necessária da sobrevivência da
espécie humana. Segundo esta tese somos o produto de um trabalho da natureza
que durou milhares de anos, logo deve ser nossa prioridade proteger e cuidar da
natureza.
Os ambientalistas radicais sustentam que a natureza tem
um valor intrínseco, independentemente da sua utilidade para o homem. Este
grupo respeita a natureza não porque dependamos dela, mas porque ela é em si
mesmo um sujeito de direitos. Segundo estes filósofos a crença na superioridade
do homem face à natureza tem conduzido à sua destruição. O domínio do homem
sobre a natureza tem causado profundos desequilíbrios e alterações gravíssimas
na natureza. Estes desequilíbrios têm causado a extinção de variadíssimas
espécies vegetais e animais. Os ecologistas radicais acreditam que para que a
natureza recupere será necessária uma redução significativa da espécie humana.
Estes filósofos acusam o humanismo ecologista de Jonas, porque segundo o seu
ponto de vista, Jonas atribui à natureza um valor meramente instrumental.
Apesar dos pontos de contacto entre estas teses,
nomeadamente a preocupação com as questões ambientais, ou no caso das duas primeiras
teorias, o antropocentrismo, contrariam-se em alguns pontos. Na primeira tese
diz o homem é visto como um ser superior à natureza e essa superioridade
justifica o domínio do homem sobre todo o planeta; a segunda tese defende que
se queremos salvar o planeta temos de valorizar quer o homem, quer a natureza;
a terceira afirma a superioridade da natureza em relação ao homem,
esquecendo-se como afirma o filósofo Luc Ferry que o homem é também natureza.
Do meu ponto de vista a segunda tese é a que melhor
responde ao problema em debate, pois o homem precisa de usar os recursos
provenientes da natureza, sem com isso a desrespeitar, não causando graves
desequilíbrios. Como nós precisamos da natureza, a natureza também precisa de
nós.
Marcos Martins, aluno do Curso de Ciências e Tecnologias, 10º B
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