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terça-feira, 9 de dezembro de 2014



Horas Amargas

As "horas amargas dão lições de filosofia" é uma afirmação que nos leva a reflectir.
Sendo isto é verídico, alguma vez tiveram uma destas horas? Perder um familiar representa um exemplo destas horas e quando isto acontece sentimos o mundo a ruir, rodeados de familiares estando praticamente todos entristecidos, sentimo-nos indefesos, sós. Questionamo-nos sobre o mundo e a vida, Deus (será que existe ou não), o significado de viver e a morte.
Chegamos a entrar em depressão. Mas é neste estado, nas horas amargas, que nos questionamos filosoficamente.
Marcos Loureiro, 10º C
(Aluno do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A. E. Agualva Mira Sintra (Escola Secundária Matias Aires)


Filosofia improvável

Na aula de Área de Integração do passado dia 20 de novembro o professor propôs-nos a leitura de um texto[1] que chamava a atenção para um assunto bem diferente dos que temos vindo a estudar ultimamente. O tema-problema da nossa disciplina fala dos desequilíbrios regionais mas este texto trazia-nos um outro problema e uma situação muito triste. Só depois compreendemos as razões para que isso tivesse acontecido. Era o Dia Mundial da Filosofia e o texto tinha sido recomendado pela Associação de Professores de Filosofia. Bem, mas como o nosso curso não tem Filosofia, começámos por achar estranho termos que ler um texto que, como dizia o professor, levantava problemas filosóficos. Assim, sem mais nem menos, um texto de filosofia? Para quê? Que interesse é que pode ter a filosofia para alunas de um curso profissional de Apoio à Infância?

Começámos a aula com todas estas dúvidas (no fim das duas aulas a que demos atenção a este texto continuámos com dúvidas. Eram diferentes mas também eram dúvidas). O professor, por acaso, às vezes até se farta de falar, mas desta vez não falou assim muito. Organizámo-nos em grupo e lemos o texto. Tínhamos seis perguntas para responder e as respostas iriam servir de base para o debate que iria acontecer na aula seguinte e foi isso que aconteceu.

Na aula seguinte voltámos ao assunto mas não chegámos a grandes conclusões. Quer dizer, a conclusões chegámos mas eram muitas e diferentes. É que a situação era mesmo muito difícil. Um pai que matou a filha de doze anos para acabar com o sofrimento em que ela se encontrava. Ela tinha sido vítima de paralisia cerebral e o seu sofrimento era cada vez maior e não havia solução médica para o seu caso. Em consequência disso foi preso, julgado e encontra-se a cumprir a pena. E agora, agiu bem ou agiu mal? As respostas dividiram-se e aquilo que pareciam certezas, quando pensávamos um pouco melhor só se transformava em dúvidas.

O professor ia-nos explicando o que é o ato voluntário e que o motivo e a intenção são elementos constituintes da ação e o que significa cada um destes conceitos, mas respostas, daquelas que nos satisfizessem e que nos permitissem concluir, de uma vez por todas, se o pai tinha agido bem ou mal, é que não encontrámos. Havia muitos problemas relacionados uns nos outros. Quando nos parecia que havia uma resposta, logo surgia outra dúvida e as perguntas voltavam ao princípio.

Chegámos ao fim da segunda aula e, depois do debate, o professor pediu para dizermos o que é que aquele texto nos tinha ‘obrigado’ a fazer. Apesar de termos ficado com muitas dúvidas sobre a situação que o texto descrevia, entre outras coisas, ele fez-nos pensar, fez-nos fazer perguntas, obrigou-nos a comunicar umas com as outras de forma clara e organizada, permitiu sequências de ideias e de diferentes pontos de vista e obrigou-nos a colocar na posição de outra pessoa (neste caso do pai da menina). Agora as dúvidas, as dúvidas … parece que não há mesmo solução para algumas, mas também não podemos deixar de colocá-las, pois não?

01/12/2014
As alunas da turma P32
 Curso Profissional de Técnico de Apoio à Infância
Escola Secundária Matias Aires
Agrupamento de Escolas Agualva Mira Sintra




[1] James Rachels (2004), Elementos de Filosofia Moral, Lisboa, Gradiva, pp. 23-26.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

IlustraçãoPawel Kuczynski


LIVRE OU DETERMINADO?

A meu ver, penso que são maiores as probabilidades de sermos livres, do que as de sermos determinados. Talvez até possamos ser uma mistura dos dois ingredientes. Afinal, há alturas na vida em que sentimos que temos liberdade de escolha. Outras há, em que somos tão influenciados pelos nossos genes ou pela comunidade em que vivemos, que nem nos damos conta que  estamos  a ser pressionados a tomar uma certa decisão. Somos condicionados pela anatomia e fisiologia do nosso corpo, pela nossa personalidade, por  leis e princípios morais, por normas sociais e até pelas decisões que tomámos no passado... Somos condicionados por fatores que nos ultrapassam e que, na maioria dos casos, não podemos mudar.
Dizem que a liberdade é o bem mais precioso, mas apesar de nos sentirmos livres, não quer dizer necessariamente que o sejamos. Se calhar, é apenas uma ideia, uma ilusão que a sociedade nos tenta incutir, para que nos sintamos bem.
É costume apregoar-se que a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros. Supostamente a liberdade dos outros deve ser o limite da nossa liberdade. Será que temos a liberdade que 'precisamos' para nos sentirmos felizes? Que a genética nos fez sentir capazes de escolha? Ficam as interrogações….
Carla Afonso, 10º C

(Aluna dos Curso de Humanidades do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Free to choose
           
Somos livres! Cabe-nos perceber como devemos utilizar essa liberdade! Temos a liberdade de tomar decisões e as nossas escolhas intencionais revelam quem somos.
            A melhor prenda que nos deram foi a vida e cabe-nos cuidar dela o melhor possível! Existem muitas pessoas a morrer mais cedo do que o previsto, pois a vida trocou-lhes as voltas e uma coisa inesperada aconteceu, sem que nada o fizesse prever. Outros há, que acabam com a sua própria vida, por vontade própria…
            Temos uma porta e sabemos que do outro lado estará uma coisa má, mas mesmo assim decidimos abrir. Por vezes vemos racionalmente o melhor, mas escolhemos o pior. Temos que aceitar as consequências dos nossos atos, se os deliberámos e decidimos.
            Na nossa vida podemos escolher viver ou sobreviver, mas devemos ter cuidado na forma como exercemos a nossa liberdade, pois os nossos atos podem transformar a nossa vida numa noite de nevoeiro, ou num dia repleto de luz.

Francisca Alexandra da Silva Meireles, 10ºB

(Aluna do Curso de Ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

As Horas Amargas dão lições de Filosofia:
           
As horas amargas dão-nos lições de filosofia, porque quando nos deparamos com situações-limite somos levados a duvidar daquilo que supúnhamos saber, a curiosidade emerge. Nas nossas horas amargas mesmo sem querermos, fazemos perguntas filosóficas, interrogamo-nos à cerca das coisas mais simples. A dor, a solidão e a culpa despertam a consciência da fragilidade da vida, da nossa finitude. Essa consciência faz-nos refletir sobre as nossas decisões, a forma como elas afetaram a nossa vida e a dos outros. Nas horas amargas surgem os porquês; nasce uma atitude interrogativa e crítica que a revê, reavalia e repensa os problemas da vida a uma nova luz.
Nas horas amargas a filosofia brota espontaneamente, e eis que filosofamos sem sequer nos apercebermos que estamos a filosofar.

Joana Costa, 10ºD
(Aluna do Curso de Humanidades do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

           
  A tristeza, a solidão, a culpa, a revolta levam muitas vezes ao filosofar, pois quando passamos por 
situações amargas colocamos interrogações filosóficas a nós mesmos. Estas situações põem em causa as nossas certezas, as nossas crenças. Questionamos a realidade que nos cerca e a nós mesmos. Neste sentido as nossas crenças dão-nos lições de filosofia. Todo o ser humano filosofa, pois tem a capacidade de pensar por si.
Daniela Bastos, 10ºD
(Aluna do Curso de Humanidades do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto


Se ao Animais pudessem escolher será que escolheriam sofrer?

Com certeza que não.
Muitos filósofos têm pensado acerca da questão dos direitos dos animais. Uns defendem que os animais têm direitos, outros que não. Penso que todos concordarão que quer os animais tenham ou não tenham direitos, ao ser humano cabe a responsabilidade de não lhes causar sofrimento.
Na minha opinião os animais não humanos têm direito a uma vida sem sofrimento. Não os devemos maltratar, usar na experimentação de produtos de higiene, cosmético e medicamentos não essenciais. Muitas destas experiências são inúteis, pois dada as diferenças entre os animais e o ser humano os resultados não são conclusivos.
Escusado será dizer que não concordo com os espetáculos bárbaros, nos quais os animais são usados para divertimento de muitos e enriquecimento de alguns.
António Silva, 10º A
(Aluno do Curso de Ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)





Ilustração de Pawel Kuczynski


Somos ou não livres?

                Afinal somos ou não livres? Uma pergunta que pode ter várias respostas, pois é uma pergunta filosófica. Por isso mesmo vários filósofos lhes responderam de forma diferente.
A resposta a esta questão é de especial importância. Permite-nos esclarecer algumas situações do quotidiano, como por exemplo saber se uma pessoa sob o efeito de álcool ou de substâncias ilícitas é ou não responsável pelos seus atos. Uma pessoa livre é aquela que consegue pensar por si, tomando decisões de forma consciente e voluntária. Como sabemos estas substâncias diminuem ou, mesmo, anulam a nossa consciência levando-a as pessoas que as consomem a comportar-se de forma desesperada, podendo pôr em risco o seu bem-estar e o dos outros.
Para o determinismo radical a resposta ao problema do livre-arbítrio é simples: o livre-arbítrio é uma ilusão. Somos absolutamente determinados por causas que não controlamos. Todas as nossas decisões, das mais simples às mais complexas, não resultam de escolhas deliberadas e decididas, são fruto de leis que se estendem a todo o universo. Se não temos alternativa, se não poderíamos ter agido de outro modo, então não podemos ser responsabilizados pelas nossas ações. O bem e o mal são banidos do mundo e com eles o mérito e o castigo. O homem que escolhe embriagar-se é na verdade escravo do princípio da causalidade necessária.
                A meu ver o ser Humano é livre, pois de contrário não será superior às térmitas-soldado, obrigadas pelo instinto a dar a vida para salvar o termiteiro.
Gildo Veloso, 10ºD

(Aluno do Curso de Humanidades do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

A Alegoria da Caverna


As horas amargas dão lições de Filosofia

São os momentos mais difíceis que nos fazem refletir, repensar as nossas acções. Quando estamos mais tristes, isolados ou nos sentimos mais em baixo damos por nós a matutar no porquê das coisas, a pensar no que poderíamos fazer de diferente, nas coisas que nos arrependemos de ter dito e de ter feito, e qual deveria ter sido realmente a nossa atitude perante os problemas. É nestas horas que nos revemos, revemos aquilo que realmente queremos para nós, reorganizamos prioridades. Percebemos aquilo que é realmente importante, o que nos deixa felizes. Nestas horas, apercebemo-nos que temos  de dar mais atenção às pessoas de que gostamos, que são, realmente nossas amigas e deixar de prestar atenção a quem, pelo contrário, nos faz sentir mal. Aprendemos a evitar certas situações. São estes momentos que nos fazem traçar novos rumos, são estes momentos que nos dão a real consciência das coisas, e ao fazê-lo, permitimo-nos viver.
Ana Silva, 10º C
(Aluna do Curso de Humanidades do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

Ilustração de Pawel Kuczynski


A vida humana é um valor absoluto

No mundo de hoje, os animais começam a ter papéis diferentes dos tradicionais. Há cães que ajudam deficientes físicos e idosos, quando ainda há pouco, basicamente só serviam como cães de guarda, pastores e caçadores. A par destes novos papeis, a divulgação de imagens que denunciam a crueldade com que muitos destes animais são tratados, conduziram a inúmeras interrogações. Será legítimo tratar os animais como um simples meio ao serviço do homem, ou terão os animais direitos, cuja violação deve ser punida por lei?
            No meu ponto de vista, todos os animais têm alguns direitos fundamentais básicos, tais como o direito a uma vida sem sofrimento; o direito a viver no seu habitat; o direito a cuidados adequados à sua espécie. Contudo, penso que as necessidades básicas do Homem se sobrepõem às dos animais. O valor da vida humana é absoluto e prioritário em relação à vida dos animais não humanos.
Algumas pessoas não comem carne devido ao sofrimento que os matadouros causam aos animais antes e durante o abate. Qualquer sofrimento desnecessário é eticamente reprovável e deve ser evitado. Se os matadouros se preocuparem em não causar sofrimento aos animais, respeitá-los-ão, de um ponto de vista moral, e de um ponto de vista comercial, poderão mesmo melhorar a qualidade da carne que produzem, visto que os animais não foram sujeitos a demasiado stress durante a sua criação e abate. Porém sendo os Humanos seres omnívoros não é errado alimentarmo-nos de carne.
            Concluindo, penso que é legítimo usar os animais para assegurar a sobrevivência do homem, tendo sempre a preocupação de não lhes causar dor desnecessária. Não me parece legítimo usá-los em espetáculos de lazer, lutas e experiências laboratoriais inúteis. Os direitos dos animais não humanos devem ser defendidos, ainda que não devam sobrepor-se aos humanos.

António Francisco da Costa Teixeira, 10º B
(Aluno do Curso de Ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

Os animais não-humanos terão direitos?

Todos os dias nos deparamos com pessoas a maltratar os animais não-humanos e eu pergunto-me qual será o porquê de tal comportamento irracional?
Na minha perspetiva os Animais não-humanos têm direitos, e nós não temos o dever de não os maltratar. São seres sensitivos como nós e a sua irracionalidade não pode servir de desculpa para os tratarmos de forma cruel.
Na é legítimo experimentarmos novos produtos nos animais não-humanos, quando sabemos que são estruturalmente diferentes de nós e que por isso mesmo as suas reações podem não ser extensíveis ao ser humano.
Tal como nós eles têm direito à vida, devem ser respeitados e amados por nós. Em Portugal maltratar os animais é crime, mas basta ir na rua para compreender que ainda temos um caminho muito longo a percorrer. No meu entender, a educar, sensibilizar e agir devem ser o caminho.

Carolina Oliveira, 10º B
(Aluna do Curso de Ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014


Os animais não-humanos terão direitos ?


Filósofos como Peter Singer e Tom Regan procuraram encontrar um critério que permitisse afirmar a dignidade moral dos animais, de modo a defini-los como sujeito de direitos. Concordo com a perspetiva do filósofo Tom Regan, segundo a qual os animais têm direitos em sentido negativo. Tem o direito a não serem prejudicados, torturados. Têm direito à integridade física. Os animais, tal como o homem, são sujeitos-de-uma-vida (têm vida, são capazes de se emocionar, de recordar, etc…). Por isso mesmo violamos os seus direitos quando os maltratamos, lhes provocamos qualquer tipo de sofrimento. Os animais têm um valor em si mesmos e por isso não devem ser usados como um meio. Muitos irão objetar: “Mas só o homem é um agente moral, um ser capaz de se reconhecer como autor dos seus atos, que pratica de modo consciente, intencional e voluntário. Ao que responderei que são no entanto pacientes morais, tal como o são as crianças de tenra idade, que não podem ser chamadas de agentes morais. No entanto não as tratamos como meios ao serviço dos nossos interesses. O mesmo acontece com os animais, devemos por isso tratá-los com respeito, como parentes afastados que partilham connosco o mesmo planeta.
Maria João Gomes, 10º C

(Aluna do Curso de Humanidades do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)
Ilustração de Pawel Kuczynski


Como seria o nosso mundo sem eles?

Os animais são seres imprescindíveis ao nosso planeta. Sem eles, a vida humana não seria possível e eu não estaria aqui, hoje, a escrever este apelo. A qualidade de vida e o bem-estar dos animais não humanos dependem de nós pois, enquanto seres racionais, temos a capacidade de cuidar deles.
Ao longo da história foram muitos os filósofos que refletiram acerca do estatuto moral dos animais não humanos. Essa reflexão fez-se durante muitos séculos à luz do conceito de racionalidade. Só o homem é racional, tem capacidade de autodeterminação e por isso mesmo só ele é um ser de direitos. Os animais são inferiores ao homem e podem ser usados em seu benefício. São meios ao serviço de fins estabelecidos pelo ser humano. Consequentemente, os animais têm vindo a ser utilizados como cobaias, não só em experimentações de produtos cosméticos, vacinas, desinfetantes… São também usados em atividades que envolvam o divertimento humano. Com efeito, os animais não-humanos têm sido desrespeitados, expostos a níveis extremos de crueldade! Animais morrem todos os dias vítimas de mutilação, escravizados em espetáculos bárbaros, expostos a condições miseráveis! Quando assistimos a um espetáculo que envolve o uso de animais, quando pagamos um casaco de peles, estamos a alimentar atividades vergonhosas. Sinto-me até um pouco constrangida e envergonhada por dizer que a minha espécie é capaz de tais atos. O dinheiro gasto a assistir a espetáculos violentos e inexplicáveis, poderia ser utilizado para melhorar as condições de vida de muitos animais e de muitos seres humanos.
No entanto nem tudo é mau. Foi recentemente aprovada uma lei que condena quem pratica maus-tratos a animais. Ainda que importante, esta lei ainda fica muito aquém do que necessitamos de melhorar, mas é um começo.
Estou, totalmente, de acordo com o filósofo Tom Regan, que defende que os animais têm direitos.
Em suma, o que nos diferencia destes seres é apenas o facto de termos a capacidade de pensar porque de resto, somos natureza tal como eles. É suposto eles serem os nossos melhores amigos então, está na altura de os tratarmos como tal!
Ana Beatriz, 10º B
(Aluna do Curso de ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)


René Magritte - O Filho do Homem -
Imagem recriada por estudantes do Reino Unido para o site Booooooom

Ilustração de Pawel Kuczynski


Seremos livres?

Para o filósofo Jean-Paul Sartre  a humanidade está condenada à liberdade: somos livres de escolher, mas somos incapazes de escolher a própria liberdade. Sartre afirmou "somos uma sociedade que escolhe, mas não escolhemos ser livres.". Não podemos fugir à escolha.
Mas será que somos livres? O que significa ser livre, o que quer dizer a palavra liberdade?
No dicionário liberdade é a condição de uma pessoa poder dispor de si, poder fazer ou deixar de fazer alguma coisa; livre determinação; faculdade de praticar o que não é proibido por lei; deliberação, tolerância.
Quando falamos do problema do livre-arbítrio estamos a referir-nos à possibilidade de escolha, de autodeterminação.
A este problema muitos filósofos respondem que não somos livres. Somos determinados por causas que não dominamos. Tal como qualquer ser da natureza estamos submetidos a leis físicas, orgânicas, sociais que nos conduzem para um único caminho. Outros, como Sartre, defendem que somos livres. Somos ‘obrigados a escolher e a escolher-nos’. Tal como o filósofo Jean Paul Sartre eu defendo o libertarismo. Considero que somos responsáveis pelas escolhas que fazemos de forma voluntária, consciente e racional. Devemos responder pelos atos que resultam de uma deliberação racional.
No dia em que o livre-arbítrio desaparecer do mundo terá desaparecido da face da terra o último ser humano.
Sandra Costa, 10º D
(Aluna do Curso de Humanidade do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)


Foto de Hachii e Owen
Fonte:



Os animais não humanos têm direitos?

Quando se coloca esta questão o que se pretende determinar é se os animais têm ou não estatuto moral. Se os animais humanos tiverem direitos, então não podemos usá-los como um meio. Devemos respeitá-los como um fim em si mesmos.
Os meus conhecimentos filosóficos não são ainda suficientes para refletir sobre esta questão com a profundidade que ela merece. Como aprendiz imaturo de filosofia irei apresentar o meu ponto de vista.
No meu entender os direitos dos animais não-humanos são os nossos deveres.
Um pouco por todo o mundo os animais são maltratados. Sofrem danos físicos e psicológicos inqualificáveis. Os donos não têm a menor consideração pelos animais, faltando-lhes ao respeito. E como os atos recaem sobre quem os pratica, os seres humanos vão-se degradando, vão perdendo dignidade. A ação humana é autotransformadora, transforma quem a pratica. Os animais indefesos sofrem os factos, mas os atos degradam ou enaltecem os seus autores. Um animal não é um ser racional. Mas nós somos e por isso devemos comportar-nos como tal! Os animais não-humanos são seres capazes de dor e sofrimento, são sencientes, afirma Peter Singer.
Os animais não-humanos demonstram, muitas vezes, mais afeto para connosco do que alguns seres humanos. Um grande exemplo disso mesmo é amizade de Owen e Hatchii, um menino e um cão que se apoiam nas suas dificuldades.
            Owen tem uma doença rara que lhe dificulta os movimentos e que afeta toda a sua vida. Owen começou a ter vergonha de sair à rua, mas tudo mudou no momento em que Hatchii apareceu. O cão, que não tem uma pata, devido aos maus tratos de que foi vítima, foi adotado pela família. No dia em que o cão chegou, Owen demonstrou, de imediato, um carinho especial por Hatchii e o sentimento foi correspondido. Com a companhia do cão, Owen deixou de ter vergonha de sair à rua. Agora as pessoas não olhavam só para ele, pois o seu amigo de quatro patas partilha o mesmo problema.
            Felizmente, em Portugal, a violência contra os animais é, desde o dia 1 de outubro de 2014, um crime punido por lei. Infelizmente a lei é difícil de aplicar e, na maioria dos casos, os criminosos ficam impunes e quem sofre são os animais. Tratar mal os animais não nos leva a lado nenhum, pelo contrário, se os tratássemos bem poderíamos ser recompensados, não com bens materiais, mas sim com uma consciência tranquila e com a sensação de que não prejudicamos aqueles que muitas vezes nos ajudam a ultrapassar os nosso medos.
            Em síntese,  gostaria de passar uma mensagem: nós, humanos não gostamos que ninguém se meta na nossa vida e nos prejudique, portanto não devemos prejudicar a vida daqueles que em nada contribuem para a nossa infelicidade e que, em muitos casos, chegaram ao planeta terra muito antes de nós.

Ana Isabel Alves, 10º B
(Aluna do Curso de Ciências e Tecnologia do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)
Quadro de Daniel Castro
Artista usa o olho para simbolizar Deus e o Universo - Fonte: Triângulo Mineiro


Quadro de Daniel Castro
A Fonte: Triângulo Mineiro

Questão-Problema.
Haverá vida após a morte?

Decidi fazer o trabalho com base numa das grandes perguntas filosóficas que todos os seres humanos colocam, em algum momento da sua vida, já que, essa é uma das caraterísticas fundamentais das questões filosóficas: são existenciais. A pergunta a que me refiro é a seguinte: “Haverá vida após a morte?”.
Existem diferentes respostas para esta questão e nenhuma dela é definitiva. Estas é uma outra caraterística das questões filosóficas.
Esta questão foi debatida pelas religiões. Aliás a crença no divino, numa vida extraterrena é um aspeto básico de qualquer religião. Sem isso, não haveria nada a que nos “re-ligar”.
Segundo a religião católica acredita-se que havemos de ressuscitar, tal como Jesus Cristo ressuscitou. Já para o Judaísmo todos os mortos ressuscitarão, quando o Messias chegar à Terra.
Quando reflito nesta questão, penso que ela está associada à consciência da morte e ao medo que ela provoca. O homem tem medo do desconhecido e a morte não é exceção. Pensar que a morte não é um fim, mas um começo de uma vida melhor é reconfortante. Como a minha família é cristã, desde muito cedo me ensinaram que após a morte iremos para o céu, se fizermos boas ações. Mas agora que sou mais velha e que tenho a capacidade de pensar por mim, de forma autónoma e crítica, isto é, filosófica, começo a questionar-me sobre o que aprendi, numa idade em que ainda não tinha a capacidade de pensar autonomamente. Muitas vezes penso que a morte não faz qualquer sentido. Por que razão teremos que morrer?
Os cientistas explicam o que é a morte e são capazes de encontrar as suas causas; mas são impotentes perante a pergunta do “porquê” da mesma. Em relação à possibilidade da vida para além da morte nada dizem, pois não têm factos em que se apoiar.
Eu sou religiosa e acredito que existe vida para além da morte. No entanto como tenho um espírito científico, reconheço que é possível levantar objeções a essa hipótese. A objeção principal é se será possível haver algo para além do mundo físico? Como traduzir essa realidade em teoremas e equações? Se essa realidade existe, até ao momento, ainda não foi possível apresentar provas irrefutáveis que demonstrem essa possibilidade.
Existem, no entanto, pessoas que dizem já terem testemunhado o além. Essas pessoas escrevem artigos e livros sobre o tema, realizam documentários sobre o assunto, como se estivessem a falar de algo tão trivial como a constituição química do cloreto de sódio.
As pessoas que não acreditam na existência de vida após a morte chamam-se materialistas. Estes pensadores consideram que se não é possível medir a alma, nem pô-la numa equação, ela não existe.
Há ainda alguns que acreditam na reencarnação. Platão, ao que parece, era um deles. De acordo com as pesquisas que realizei, a reencarnação significa que após a morte a alma, imortal, volta a reencarna para se aperfeiçoar dos erros cometidos na vida anterior. Cada vida é uma nova hipótese no caminho da evolução espiritual. Faz-se o diagnóstico das dificuldades que a alma teve na vida anterior e aplica-se uma estratégia de recuperação, atribuindo-lhe uma vida que lhe permita ultrapassar as dificuldades.
A teoria da reencarnação não me convence. Não concordo com a reencarnação pois se uma pessoa, morre e reencarna novamente, como é que se pode aperfeiçoar e evoluir se não lembra dos erros cometidos na encarnação anterior? O mais certo é que cometa os mesmos erros! Por esse andar nunca vai acabar a licenciatura…
Daniela Oliveira Gomes, 10º A
(Aluna do Curso de Ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

Livre, eu?

Ilustração de Pawel Kuczynski


“Teremos liberdade de escolha?”

Free to choose em português significa liberdade de escolha, é um tema que nunca terá uma resposta exata que seja aceite por todos. Trata-se por isso mesmo de uma questão filosófica.
Seremos livres?
Teremos liberdade de escolha?
São questões colocadas há muito tempo, que continuam a suscitar inúmeras reflexões.
A sociedade em que vivemos tem princípios, regras que nos pressionam, levando-nos, por vezes, a agir contra o que pensamos. Estas pressões influenciam muitas das nossas decisões. A liberdade é o poder fazer uma opção, por exemplo a escolha de um, apesar das condicionantes que nos limitam, como o poder económico.
No filme “Freedom Writers”, a personagem Eva acusa um rapaz, que sabe inocente, de homicídio voluntário, sob a pressão do gangue. Na ótica do determinismo moderado não se tratou de uma ação livre.  Eva é livre apenas quando escolhe dizer a verdade sem constrangimento. Os seus desejos e convições tornam-se a causa dos seus atos.Nesse momento Eva assume as consequências dos seus atos, torna-se responsável por eles. 
Concebo, tal como os deterministas moderados, a liberdade como ausência de coação. Do meu ponto de vista só podemos falar em liberdade de escolha quando não há coação interna e/ou externa e podemos tomar uma decisão sem pressões.
Francisco Xavier Vieira Pinto, 10º B
(Aluno do Curso de Ciências e Tecnologias do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)
Ilustração de Pawel Kuczynski


Ilustração de Pawel Kuczynski

O poder da escolha...


In http://esukudu.com/2013/05/15/philosophie-la-liberte-est-elle-le-but-ou-le-moyen-de-leducation/


Liberdade ou Determinismo?

O problema do livre arbítrio é uma questão filosófica extremamente complexa. Por isso mesmo são inúmeras as tentativas para responder a esta questão. Na aula de filosofia estudámos quatro teses ou teorias: o determinismo radical, o indeterminismo, o determinismo moderado e o libertismo. O determinismo radical e o libertismo são duas teses radicalmente opostas. A primeira nega a liberdade humana, deixando apenas espaço para o determinismo. A segunda apresenta-nos como seres livres e radicalmente responsáveis pelas nossas escolhas. Esta tese apoia-se no dualismo antropológico, isto é, na ideia de que o corpo e a mente têm naturezas diferentes e que por isso mesmos obedecem a leis diferentes. No entanto esta tese não explica como aquilo a que chamamos consciência pode ter efeito sobre o corpo.
O determinismo radical afirma que a liberdade humana é uma ilusão; todas as ações do ser humano são determinadas por vários fatores que não controlamos. Esta tese assenta na ideia de que tudo no Universo tem uma causa e que as mesmas causas, nas mesmas circunstâncias produzem os mesmos efeitos. O indeterminismo também nega a liberdade humana, e, afirma que todas as ações e decisões humanas são indeterminadas. Esta teoria baseia-se na física quântica. Segundo a microfísica é impossível prever o comportamento das partículas subatómicas. O seu comportamento é aleatório. Transposta para o domínio da filosofia, o indeterminismo da física significa que a acção humana é fruto do acaso. O determinismo radical e o indeterminismo anulam a liberdade humana e por isso mesmo conduzem à negação da responsabilidade. Se não poderímaos ter decidido de outra maneira ou se as nossas ações são totalmente aleatórias, então não podemos ser responsabilizados pelas nossas ações, pois na verdade não realizámos qualquer escolha. Na verdade não somos muito diferentes dos seres inanimados.
O determinismo moderado é uma tese compatibilista. Esta tese afirma que tudo é determinado, porém algumas ações humanas são livres. Esta tese defende o livre-arbítrio, que define como ausência de constrangimento.
Considero que o determinismo moderado é a tese mais correta, porque defende a compatibilidade entre o determinismo e a liberdade. É tão difícil negar o determinismo, como negar a liberdade. A ideia de que somos livres impõe-se-nos com tanta força, como a ideia de que todo o efeito tem uma causa que o determina.
Luís Miguel Monteiro Teixeira, 10ºB
(Aluno do Curso de Ciências e Tecnologias do agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)