A preservação de 99% do
Planeta Terra
Quase tudo
o que existe no nosso planeta é Natureza e daí o nome Planeta Terra (Natureza=Terra).
Nós somos parte do planeta, logo nós integramos os 99% referidos no título. Nós
somos Natureza! Na verdade, o problema abordado neste texto é o seguinte: a
Natureza terá direitos ou somos apenas nós que os temos, podendo tratá-la como
nossa cobaia? Reduzi-la a um estatuto de menoridade? A natureza merece ser preservada?
Todas estas
interrogações derivam da situação ambiental que se vive na atualidade. Hoje em
dia, existem diversos apelos à preservação da natureza, contudo, por razões
desconhecidas ou talvez demasiado conhecidas, mas que podem ferir
sensibilidades, estes apelos parecem invisíveis ao olho e ao ouvido humanos. Os
Homens tornam-se pessoas insensíveis, até mesmo no seu próprio lar. A situação
atual é bastante desanimadora, contudo os nossos olhos continuam vendados e
como se não bastasse, os nossos ouvidos parecem estar ausentes. Vivemos numa
sociedade consumista, ambiciosa, banal que apenas consegue olhar para o seu
próprio umbigo. O que é feito das pessoas que respeitam a Natureza?
Do meu ponto de vista o ser humano
é o único responsável pela degradação do planeta. Quando, por exemplo, utiliza
transportes poluentes, não coloca o lixo em locais apropriados, usa os recursos
até à exaustão, destrói o habitat de
animais e plantas em prol de betão e mais betão. Todos estes problemas
multiplicados por cerca de 7,5 mil milhões de pessoas e... eis o caos, a morte anunciada do planeta tal como o conhecemos. Em
contrapartida, apenas o homem, enquanto ser livre e racional, tem o poder de
reconduzir o planeta a uma situação estável pois, é costume dizer-se: deixa
tudo como encontraste, os próximos merecem o mesmo que tu!
De facto, a
improvável ligação entre Física e Química, Biologia e Geologia e Filosofia
acontece! Eu tive a oportunidade de estudar nestas duas primeiras disciplinas
vários problemas que afetam o planeta Terra. A história do planeta é longa; iniciou-se
há cerca de 4600 milhões de anos, quando tudo era primitivo. Nessa altura, nós
nem sequer existíamos. Na verdade, somos uma criação muito recente comparada
com a idade do planeta, da mãe Natureza. Somos, portanto, seres muito especiais
e também, somos a sua maior criação. No entanto, este adjetivo (maior) não se
traduz, necessariamente, em melhor. Nós fomos criados segundo um processo lento
e no qual, qualquer fenómeno poderia ter mudado tudo para sempre. Tivemos
sorte, aliás muita sorte. E qual é o nosso agradecimento? A destruição. Esta
pode resumir-se em dois grandes problemas: Em primeiro lugar, a camada do ozono
é uma de muitas invenções da natureza que nos protege, filtrando as radiações
UV, nocivas à nossa saúde. Porém, nós exterminamos até o que nos faz bem. É
frequente designar-se a quantidade de ozono existente na Estratosfera, como
“camada de ozono”, embora o ozono não exista numa camada regular, mas disperso no oxigénio e no azoto
entre os 15Km e 50Km de altitude. Esta passou por vários processos até a sua
atual composição. Apesar de reduzida, a quantidade de ozono na Estratosfera é
suficiente para absorver as radiações ultravioletas da energia compreendida
entre 6,6x10-19J e 9,9x10-19J. Neste processo tem lugar o efeito fotoquímico da
radiação (rutura das ligações químicas e simultaneamente o aumento da energia
cinética das partículas da estratosfera). O ozono funciona como um filtro solar
natural. A sua degradação está na ordem do dia. A velocidade da decomposição do
ozono tornou-se maior do que a velocidade da sua formação: quebrou-se o
equilíbrio. Isto acontece porquê? Porque a presença de certas substâncias na
Estratosfera, ainda que em quantidades ínfimas, atua como catalisador,
acelerando a reação da decomposição do ozono. Entre estas substâncias
indesejáveis encontram-se os óxidos de azoto e os radicais cloro (os últimos
derivam dos CFC, conhecidos comercialmente, pelo nome de freons ou sprays.
Em segundo
lugar, ao longo da evolução da terra, a espécie humana foi aumentando progressivamente.
A sua complexidade intelectual permitiu-lhe adquirir novas formas de adaptação
ao meio, modificar o presente e influenciar o futuro. Em poucos séculos alterou
a face do planeta terra. O Renascimento viu nascer uma visão antropocêntrica,
centrada nos interesses do Homem. O desenvolvimento tecnológico e científico, a
par do desta visão antropocêntrica conduziu a uma sobre-exploração dos recursos
naturais, à produção de resíduos nocivos ao planeta e consequentemente a impactos
ambientais, cujas consequências afetam direta ou indiretamente o homem.
Esta
reflexão tem que ser feita para que se possam implementar medidas que tornem
possível um desenvolvimento sustentável (suprir as necessidades atuais, sem
comprometer as gerações vindouras). Se for feita uma boa gestão dos recursos
naturais será possível assegurar o não esgotamento dos recursos, que caso
acontecesse, poderia afetar todos os ecossistemas. De entre as medidas que contribuem
para o desenvolvimento sustentável estão incluídas: a gestão dos recursos
sólidos urbanos (por exemplo: os 3R’s – reduzir, reutilizar e reciclar); a
conservação do património geológico (implementação de estratégias que permitam
a conservação de diversos elementos geológicos); as conferências mundiais e
ambiente (consciencializar o maior número de cidadãos possível sobre os
problemas ambientais que estão a afetar o nosso planeta); a recuperação de
áreas degradadas. Assim, o ambiente, a economia, e a sociedade podem estar
interligados facilitando a prática de um desenvolvimento sustentável.
A verdade é
que a vida no planeta está a ser ameaçada, a sirene não para de tocar. É
preciso que nos consciencializemos ecologicamente. Uma vez que a Filosofia
estuda um objeto global (toda a realidade) então, também a vida no planeta integra
o campo das suas preocupações. A grave situação do planeta motivou o
aparecimento de uma nova disciplina filosófica: a Ética Ambiental. Esta
disciplina surgiu na década de sessenta do século XX. Este ramo filosófico nega
o antropocentrismo e afirma o ecocentrismo. Em termos gerais, a Ética Ambiental
defende que o ambiente deve ser incluído nas nossas preocupações morais e nas
nossas deliberações. Em nome de quê? Dos seres humanos, cuja existência depende
de um planeta habitável e dos animais não humanos, das plantas e mesmo de
elementos não orgânicos da natureza. O Homem é mais dependente do que aquilo
que parece. A Ética Ambiental defende que todos os elementos da natureza têm o
direito a existir. Não nos devemos preocupar com o ambiente apenas por nossa
causa, mas sim pelo valor intrínseco da própria natureza. O que se debate em
ética Ambiental é até onde devemos ir nesta salutar preocupação. Sabemos que
devemos preservar a natureza, protegê-la. Mas por que razão se deve protegê-la?
Qual o fundamento da responsabilidade ecológica?
São várias
as respostas a estas interrogações. Na minha perspetiva, a mais adequada, é o
ponto de vista que defende que a natureza deve ser protegida, respeitada,
independentemente dos interesses humanos, porque a natureza tem um valor
intrínseco, é sujeito de direitos e tem um valor em si mesma. Esta posição é
defendida pelos ambientalistas radicais, partidários da chamada Ecologia
Profunda. Alguns ambientalistas partidários da “Ecologia Profunda” defendem que
a Natureza tem um valor próprio, vale independentemente da sua utilidade para a
humanidade. Esta tese afirma também que o ambiente merece respeito, não porque
os seres humanos dependam da natureza, mas porque a natureza e tudo o que a
compõe tem valor intrínseco.
Eu penso
que a Natureza não está acima do Homem, porém, o Homem também não está acima da
Natureza. Este apenas possui capacidades diferentes, mas a Natureza também é
valiosa. No meu entender, o Homem não pode estar no centro do universo, pois
então a Natureza seria desnecessária, sendo totalmente descartada (rejeito
assim, o utilitarismo). Além disso, apesar da Natureza não ter deveres merece
ter direitos. A natureza não pensa por si própria, contudo, por tudo o que nos
oferece e ofereceu merece respeito. Aliás, a natureza possui leis tal como os
homens as possuem (rejeito assim, a tese que defende que a vida do homem deve
ocupar um lugar central e que a natureza não tem deveres logo, não tem direitos)
O Homem não domina a Natureza, não a pode controlar. O homem necessita de viver
harmoniosamente com a natureza. Nenhum está acima do outro.
Em suma,
cada um de nós deve praticar, dia após dia, diversos atos para construir um
mundo melhor. São pequenas gotas de água que formam o oceano, ou seja, cada um
dos nossos gestos pode contribuir para a mudança. Não podemos voltar atrás, mas
podemos ainda remediar muitos dos erros cometidos. A necessidade de nos
autodestruímos é nula. Não sejamos egoístas. Quem tudo quer, um dia tudo
perderá. Com certeza ninguém quer acabar com o seu lar. Vamos agarrar esta
nossa última oportunidade com as duas mãos. Nós somos seres da natureza,
pertencemos-lhe.
Por favor:
TIREM AS VENDAS, ABRAM OS OLHOS,
ACORDEM! SEJAMOS VERDADEIRAMENTE HUMANOS! É PRECISO AGIR, IMEDIATAMENTE!
Ana Beatriz Pacheco
Teixeira, aluno do Curso de Ciências e Tecnologias, 10ºB
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