Filosofia improvável
Na aula de Área
de Integração do passado dia 20 de novembro o professor propôs-nos a leitura de
um texto
que
chamava a atenção para um assunto bem diferente dos que temos vindo a estudar
ultimamente. O tema-problema da nossa disciplina fala dos desequilíbrios
regionais mas este texto trazia-nos um outro problema e uma situação muito
triste. Só depois compreendemos as razões para que isso tivesse acontecido. Era
o Dia Mundial da Filosofia e o texto tinha sido recomendado pela Associação de
Professores de Filosofia. Bem, mas como o nosso curso não tem Filosofia,
começámos por achar estranho termos que ler um texto que, como dizia o
professor, levantava problemas filosóficos. Assim, sem mais nem menos, um texto
de filosofia? Para quê? Que interesse é que pode ter a filosofia para alunas de
um curso profissional de Apoio à Infância?
Começámos a aula
com todas estas dúvidas (no fim das duas aulas a que demos atenção a este texto
continuámos com dúvidas. Eram diferentes mas também eram dúvidas). O professor,
por acaso, às vezes até se farta de falar, mas desta vez não falou assim muito.
Organizámo-nos em grupo e lemos o texto. Tínhamos seis perguntas para responder
e as respostas iriam servir de base para o debate que iria acontecer na aula seguinte
e foi isso que aconteceu.
Na aula seguinte
voltámos ao assunto mas não chegámos a grandes conclusões. Quer dizer, a
conclusões chegámos mas eram muitas e diferentes. É que a situação era mesmo
muito difícil. Um pai que matou a filha de doze anos para acabar com o
sofrimento em que ela se encontrava. Ela tinha sido vítima de paralisia
cerebral e o seu sofrimento era cada vez maior e não havia solução médica para
o seu caso. Em consequência disso foi preso, julgado e encontra-se a cumprir a
pena. E agora, agiu bem ou agiu mal? As respostas dividiram-se e aquilo que
pareciam certezas, quando pensávamos um pouco melhor só se transformava em
dúvidas.
O professor ia-nos
explicando o que é o ato voluntário e que o motivo e a intenção são elementos
constituintes da ação e o que significa cada um destes conceitos, mas
respostas, daquelas que nos satisfizessem e que nos permitissem concluir, de
uma vez por todas, se o pai tinha agido bem ou mal, é que não encontrámos. Havia
muitos problemas relacionados uns nos outros. Quando nos parecia que havia uma
resposta, logo surgia outra dúvida e as perguntas voltavam ao princípio.
Chegámos ao fim
da segunda aula e, depois do debate, o professor pediu para dizermos o que é
que aquele texto nos tinha ‘obrigado’ a fazer. Apesar de termos ficado com
muitas dúvidas sobre a situação que o texto descrevia, entre outras coisas, ele
fez-nos pensar, fez-nos fazer perguntas, obrigou-nos a comunicar umas com as
outras de forma clara e organizada, permitiu sequências de ideias e de
diferentes pontos de vista e obrigou-nos a colocar na posição de outra pessoa
(neste caso do pai da menina). Agora as dúvidas, as dúvidas … parece que não há
mesmo solução para algumas, mas também não podemos deixar de colocá-las, pois
não?
01/12/2014
As
alunas da turma P32
Curso Profissional de Técnico de Apoio à
Infância
Escola
Secundária Matias Aires
Agrupamento
de Escolas Agualva Mira Sintra