Páginas

terça-feira, 9 de dezembro de 2014



Horas Amargas

As "horas amargas dão lições de filosofia" é uma afirmação que nos leva a reflectir.
Sendo isto é verídico, alguma vez tiveram uma destas horas? Perder um familiar representa um exemplo destas horas e quando isto acontece sentimos o mundo a ruir, rodeados de familiares estando praticamente todos entristecidos, sentimo-nos indefesos, sós. Questionamo-nos sobre o mundo e a vida, Deus (será que existe ou não), o significado de viver e a morte.
Chegamos a entrar em depressão. Mas é neste estado, nas horas amargas, que nos questionamos filosoficamente.
Marcos Loureiro, 10º C
(Aluno do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A. E. Agualva Mira Sintra (Escola Secundária Matias Aires)


Filosofia improvável

Na aula de Área de Integração do passado dia 20 de novembro o professor propôs-nos a leitura de um texto[1] que chamava a atenção para um assunto bem diferente dos que temos vindo a estudar ultimamente. O tema-problema da nossa disciplina fala dos desequilíbrios regionais mas este texto trazia-nos um outro problema e uma situação muito triste. Só depois compreendemos as razões para que isso tivesse acontecido. Era o Dia Mundial da Filosofia e o texto tinha sido recomendado pela Associação de Professores de Filosofia. Bem, mas como o nosso curso não tem Filosofia, começámos por achar estranho termos que ler um texto que, como dizia o professor, levantava problemas filosóficos. Assim, sem mais nem menos, um texto de filosofia? Para quê? Que interesse é que pode ter a filosofia para alunas de um curso profissional de Apoio à Infância?

Começámos a aula com todas estas dúvidas (no fim das duas aulas a que demos atenção a este texto continuámos com dúvidas. Eram diferentes mas também eram dúvidas). O professor, por acaso, às vezes até se farta de falar, mas desta vez não falou assim muito. Organizámo-nos em grupo e lemos o texto. Tínhamos seis perguntas para responder e as respostas iriam servir de base para o debate que iria acontecer na aula seguinte e foi isso que aconteceu.

Na aula seguinte voltámos ao assunto mas não chegámos a grandes conclusões. Quer dizer, a conclusões chegámos mas eram muitas e diferentes. É que a situação era mesmo muito difícil. Um pai que matou a filha de doze anos para acabar com o sofrimento em que ela se encontrava. Ela tinha sido vítima de paralisia cerebral e o seu sofrimento era cada vez maior e não havia solução médica para o seu caso. Em consequência disso foi preso, julgado e encontra-se a cumprir a pena. E agora, agiu bem ou agiu mal? As respostas dividiram-se e aquilo que pareciam certezas, quando pensávamos um pouco melhor só se transformava em dúvidas.

O professor ia-nos explicando o que é o ato voluntário e que o motivo e a intenção são elementos constituintes da ação e o que significa cada um destes conceitos, mas respostas, daquelas que nos satisfizessem e que nos permitissem concluir, de uma vez por todas, se o pai tinha agido bem ou mal, é que não encontrámos. Havia muitos problemas relacionados uns nos outros. Quando nos parecia que havia uma resposta, logo surgia outra dúvida e as perguntas voltavam ao princípio.

Chegámos ao fim da segunda aula e, depois do debate, o professor pediu para dizermos o que é que aquele texto nos tinha ‘obrigado’ a fazer. Apesar de termos ficado com muitas dúvidas sobre a situação que o texto descrevia, entre outras coisas, ele fez-nos pensar, fez-nos fazer perguntas, obrigou-nos a comunicar umas com as outras de forma clara e organizada, permitiu sequências de ideias e de diferentes pontos de vista e obrigou-nos a colocar na posição de outra pessoa (neste caso do pai da menina). Agora as dúvidas, as dúvidas … parece que não há mesmo solução para algumas, mas também não podemos deixar de colocá-las, pois não?

01/12/2014
As alunas da turma P32
 Curso Profissional de Técnico de Apoio à Infância
Escola Secundária Matias Aires
Agrupamento de Escolas Agualva Mira Sintra




[1] James Rachels (2004), Elementos de Filosofia Moral, Lisboa, Gradiva, pp. 23-26.