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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Cruzar  da História e  da Filosofia na Idade Média

Tiago Lopes, in http://pt.slideshare.net/thiagohmlopes/filosofia-medieval-8667965

A Idade Média ou Medieval é o período histórico que decorre entre os séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império Romano do Ocidente e termina com a transição para a Idade Moderna. A Idade Média situa-se entre a Antiguidade e a Idade Moderna, sendo frequentemente dividida em Alta e Baixa Idade Média.
Na Idade Média, a Igreja Católica aumenta significativamente o seu poder e a capacidade de influência sobre a população. O poder da Igreja condiciona o quotidiano de todas as relações. A soberania da Igreja interfere nas Artes, na Arquitetura, na Política, na Cultura, na Filosofia, nos assuntos militares, e, como não podia deixar de ser, nas questões religiosas.

Durante a Alta Idade Média verifica-se a continuidade dos processos de despovoamento, regressão urbana, invasões bárbaras, iniciadas durante a Antiguidade Tardia. Os povos bárbaros formam novos reinos, apoiando-se na estrutura do Império Romano do Ocidente. No século VII, o Norte de África e o Médio Oriente, que tinham sido parte do Império Romano do Oriente, tornam-se territórios islâmicos, depois da sua conquista pelos sucessores de Maomé. O Império Bizantino sobrevive e torna-se numa grande potência.
No Ocidente, embora tenha havido alterações significativas nas estruturas políticas e sociais, a rutura com a Antiguidade não foi completa e a maior parte dos novos reinos incorporam as mais importantes instituições romanas pré-existentes.
O cristianismo disseminou-se pela Europa ocidental. Assistiu-se à edificação de novos espaços monásticos. Durante os séculos VII e VIII, os Francos, governados pela dinastia carolíngia, estabeleceram um império que dominou grande parte da Europa ocidental até ao século IX, quando se desmoronaria perante as investidas de Vikings do norte, Magiares do leste e Sarracenos do sul.
Durante a Baixa Idade Média, que teve início depois do ano 1000, verifica-se na Europa um crescimento demográfico muito acentuado e um renascimento do comércio, à medida que a introdução de inovações técnicas e agrícolas garantem uma maior produtividade de solos e colheitas. É durante este período que se iniciam e consolidam as duas estruturas sociais que dominam a Europa até ao Renascimento: o senhorialismo – a organização de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e ofeudalismo— uma estrutura política em que cavaleiros e outros nobres de estatuto inferior prestam serviço militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma propriedade senhorial e o direito a cobrar impostos num determinado território. Grosso modo, a Idade Média caracteriza-se por uma economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada.
 As Cruzadas, anunciadas pela primeira vez em 1095, representam a tentativa da cristandade em recuperar o domínio sobre a Terra Santa, tendo chegado a estabelecer alguns estados cristãos no Médio Oriente.
Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por várias guerras, adversidades e catástrofes. A população foi dizimada por sucessivas pestes; só a peste negra foi responsável pela morte de um terço da população europeia entre 1347 e 1350. O Cisma do Ocidente no seio da Igreja teve consequências profundas na sociedade e foi um dos fatores que esteve na origem de inúmeras guerras entre estados. Assistiu-se também a diversas guerras civis e revoltas populares dentro dos próprios reinos. O progresso cultural e tecnológico transformou por completo a sociedade europeia, dando início à Idade Moderna.
A vida cultural foi dominada pela escolástica, uma filosofia que procurou unir a fé à razão, e pela fundação das primeiras universidades.
Como já dissemos, a Idade Média foi profundamente marcada pela influência da Igreja Católica nas diversas áreas do conhecimento. Esta influência é bem visível no domínio filosófico. Assim, a filosofia medieval centra-se sobre temas religiosos, a saber:
ü  A relação entre razão e fé;
ü  A existência e natureza de Deus;
ü  A natureza das substâncias angélicas;
ü  O problema da imortalidade da alma;
ü  As fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;
ü  A individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.
                        
É possível identificar diferentes períodos na Filosofia Medieval
ü  Transição para o Mundo Cristão – Patrística - (século V e VI)
ü  Escolástica (século IX ao XIV)

1.       Transição para o Mundo Cristão (século V e VI) – Filosofia Patrística (dos padres da igreja)
Durante este período a maioria dos pensadores esforça-se por demonstrar a superioridade da fé em relação à razão. A fé não deve estar subordinada a razão. Alguns pensadores advogam, mesmo, a rutura entre fé e razão.
Porém, um importante filósofo cristão não seguiu este caminho. Santo Agostinho de Hipona (354 – 430) procurou usar a razão para justificar as verdades de fé.

Escolástica (século IX ao XIV)
A partir do século IX, assiste-se a uma tentativa por parte dos intelectuais em reconciliar a teologia cristã consigo própria, que viria a dar origem a um sistema de pensamento que procurou integrar de forma sistémica a fé e a razão. Como resultado desta tentativa, especialmente evidente nos séculos XII e XIII, a filosofia e a teologia fundem-se na escolástica. Os conhecimentos greco-romanos são postos ao serviço da compreensão, explicação e fundamentação racional da revelação divina. A construção da escolástica exigiu a apropriação da filosofia de Platão e de Aristóteles, não de forma direta, mas pelos olhos de Plotino, no primeiro caso, e de Avicena e Averróis, no segundo. Acontece assim um sincretismo entre as crenças religiosas e o conhecimento clássico. A Summa Teológica, de São Tomás de Aquino, constitui o ex-libris da filosofia escolástica.
Apesar de comungar das mesmas preocupações da Filosofia patrística, os pensadores escolásticos debruçam-se sobre aquilo que denominaram o Problema dos Universais, que diz respeito à relação entre a ideia e a diversidade do real. Neste debate, realistas e nominalistas esgrimem argumentos.
No entanto o tema recorrente em todos os filósofos cristãos é o problema da existência de Deus e da imortalidade da alma. Era necessário comprovar a existência do criador e do espírito humano imortal e para tal os instrumentos filosóficos da antiguidade clássica são habilmente utilizados. A racionalidade surge como um instrumento evangelizador.

Na transição do século XI para o XII assiste-se à afirmação das escolas catedrais por toda a Europa Ocidental e à transição do ensino dos espaços monásticos para as catedrais e centros urbanos. As escolas catedrais viriam por sua vez a ser substituídas por universidades nas cidades de maiores dimensões. Mas em todas as universidades da época, a influência da igreja era forte. As aulas eram ministradas em latim, e algumas das matérias de estudo eram: teologia (filosofia),ciências, letras, direito e medicina.

Principais filósofos da Idade Média:São Gregório de Nissa; Santo Agostinho; Santo Anselmo de Cantuária, Santo Alberto Magno; Guilherme de Ockham; Abelardo; São Tomás de Aquino; São Boaventura.

Principais obras filosóficas da Idade Média
- Cidade de Deus (Santo Agostinho)
- Confissões (Santo Agostinho)
- Suma Teológica (São Tomás de Aquino)
Bibliografia:
FERRATER-MORA, José. Dicionário de filosofia. Edições Loyola, 2001.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

Webgrafia:
http://cultura-medieval.blogspot.pt/ (consultado em 1/03/2015)


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