O Cruzar da História e da Filosofia na Idade Média
Tiago Lopes, in http://pt.slideshare.net/thiagohmlopes/filosofia-medieval-8667965 |
A Idade Média ou Medieval
é o período histórico que decorre entre os séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império
Romano do Ocidente e termina com a transição para a Idade Moderna. A Idade
Média situa-se entre a Antiguidade e a Idade Moderna, sendo frequentemente
dividida em Alta e Baixa Idade Média.
Na Idade Média, a Igreja
Católica aumenta significativamente o seu poder e a capacidade de influência
sobre a população. O poder da Igreja condiciona o quotidiano de todas as
relações. A soberania da Igreja interfere nas Artes, na Arquitetura, na
Política, na Cultura, na Filosofia, nos assuntos militares, e, como não podia
deixar de ser, nas questões religiosas.
Durante a Alta Idade Média verifica-se a continuidade dos
processos de despovoamento, regressão urbana, invasões bárbaras, iniciadas
durante a Antiguidade Tardia. Os povos bárbaros formam novos reinos,
apoiando-se na estrutura do Império Romano do Ocidente. No século VII, o Norte
de África e o Médio Oriente, que tinham sido parte do Império Romano do Oriente,
tornam-se territórios islâmicos, depois da sua conquista pelos sucessores de Maomé. O Império
Bizantino sobrevive e torna-se numa grande potência.
No Ocidente, embora tenha havido alterações significativas nas
estruturas políticas e sociais, a rutura com a Antiguidade não foi completa e a
maior parte dos novos reinos incorporam as mais importantes instituições
romanas pré-existentes.
O cristianismo disseminou-se pela Europa ocidental. Assistiu-se à edificação de novos espaços
monásticos. Durante os séculos VII e VIII, os Francos, governados pela dinastia
carolíngia, estabeleceram um império que dominou grande parte da Europa
ocidental até ao século IX, quando se desmoronaria perante as investidas de Vikings do norte, Magiares do leste e Sarracenos
do sul.
Durante a Baixa Idade Média, que teve início depois do ano 1000,
verifica-se na Europa um crescimento demográfico muito acentuado e um
renascimento do comércio, à medida que a introdução de inovações técnicas e
agrícolas garantem uma maior produtividade de solos e colheitas. É durante este
período que se iniciam e consolidam as duas estruturas sociais que dominam a
Europa até ao Renascimento: o senhorialismo – a organização de camponeses em
aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e ofeudalismo— uma
estrutura política em que cavaleiros e outros nobres de estatuto inferior
prestam serviço militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma
propriedade senhorial e o direito a cobrar impostos num determinado território.
Grosso modo, a Idade Média caracteriza-se por uma economia
ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema
de produção feudal e sociedade hierarquizada.
As Cruzadas, anunciadas pela
primeira vez em 1095, representam a tentativa da cristandade em recuperar o
domínio sobre a Terra Santa, tendo chegado a estabelecer alguns estados
cristãos no Médio Oriente.
Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por
várias guerras, adversidades e catástrofes. A população foi dizimada por
sucessivas pestes; só a peste negra foi responsável pela morte de um terço da
população europeia entre 1347 e 1350. O
Cisma do Ocidente no seio da Igreja teve consequências profundas na sociedade e
foi um dos fatores que esteve na origem de inúmeras guerras entre estados.
Assistiu-se também a diversas guerras civis e revoltas populares dentro dos
próprios reinos. O progresso cultural e tecnológico transformou por completo a
sociedade europeia, dando início à Idade Moderna.
A vida cultural foi dominada pela escolástica, uma filosofia que
procurou unir a fé à razão, e pela fundação das primeiras universidades.
Como já dissemos, a Idade Média foi
profundamente marcada pela influência da Igreja Católica nas diversas áreas do
conhecimento. Esta influência é bem visível no domínio filosófico. Assim, a filosofia medieval centra-se sobre temas religiosos, a saber:
ü A relação entre razão e fé;
ü A existência e natureza de Deus;
ü A natureza das substâncias angélicas;
ü O problema da imortalidade da alma;
ü As fronteiras entre o conhecimento e a liberdade
humana;
ü A individualização das substâncias divisíveis e
indivisíveis.
É possível identificar
diferentes períodos na Filosofia Medieval
ü
Transição para o Mundo Cristão – Patrística - (século V e VI)
ü
Escolástica (século IX ao XIV)
1. Transição para o Mundo Cristão
(século V e VI) – Filosofia Patrística (dos padres da igreja)
Durante este período a maioria dos
pensadores esforça-se por demonstrar a superioridade da fé em relação à razão.
A fé não deve estar subordinada a razão. Alguns pensadores advogam, mesmo, a
rutura entre fé e razão.
Porém, um importante filósofo cristão
não seguiu este caminho. Santo Agostinho de Hipona (354 – 430) procurou usar a
razão para justificar as verdades de fé.
Escolástica (século IX ao XIV)
A partir do século
IX, assiste-se a uma tentativa por parte dos intelectuais em reconciliar a
teologia cristã consigo própria, que viria a dar origem a um sistema de
pensamento que procurou integrar de forma sistémica a fé e a razão. Como
resultado desta tentativa, especialmente evidente nos séculos XII e XIII, a
filosofia e a teologia fundem-se na escolástica. Os conhecimentos greco-romanos são
postos ao serviço da compreensão, explicação e fundamentação racional da
revelação divina. A construção da escolástica exigiu a apropriação da filosofia
de Platão e de Aristóteles, não de forma direta, mas pelos olhos de Plotino, no
primeiro caso, e de Avicena e Averróis, no segundo. Acontece assim um
sincretismo entre as crenças religiosas e o conhecimento clássico. A Summa Teológica, de São Tomás de Aquino,
constitui o ex-libris da filosofia
escolástica.
Apesar de comungar das mesmas preocupações da Filosofia
patrística, os pensadores escolásticos debruçam-se sobre aquilo que denominaram
o Problema dos Universais, que diz respeito à relação entre a ideia e a
diversidade do real. Neste debate, realistas e nominalistas
esgrimem argumentos.
No entanto o tema recorrente em todos os
filósofos cristãos é o problema da existência de Deus e da imortalidade da
alma. Era necessário comprovar a existência do criador e do espírito humano
imortal e para tal os instrumentos filosóficos da antiguidade clássica são
habilmente utilizados. A racionalidade surge como um instrumento evangelizador.
Na
transição do século XI para o XII assiste-se à afirmação das escolas catedrais
por toda a Europa Ocidental e à transição do ensino dos espaços monásticos para
as catedrais e centros urbanos. As escolas catedrais viriam por sua vez a ser
substituídas por universidades nas cidades de maiores dimensões. Mas em todas
as universidades da época, a influência da igreja era forte. As aulas eram
ministradas em latim,
e algumas das matérias de estudo eram: teologia (filosofia),ciências, letras,
direito e medicina.
Principais filósofos da Idade Média:São Gregório de Nissa; Santo
Agostinho; Santo Anselmo de Cantuária, Santo Alberto Magno; Guilherme de
Ockham; Abelardo; São Tomás de Aquino; São Boaventura.
Principais obras filosóficas da
Idade Média
- Cidade de Deus (Santo Agostinho)
- Confissões (Santo Agostinho)
- Suma Teológica (São Tomás de Aquino)
Bibliografia:
FERRATER-MORA, José. Dicionário de filosofia.
Edições Loyola, 2001.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São
Paulo: Ática, 2000.
Webgrafia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_medieval(consultado
em 12/03/2015)
http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=2068(consultado
em 12/03/2015)
http://cultura-medieval.blogspot.pt/ (consultado
em 1/03/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário