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quarta-feira, 8 de abril de 2015


A Filosofia Portuguesa Medieval

As primeiras obras filosóficas da península ibérica foram contemporâneas da cristianização da filosofia. Os filósofos medievais portugueses sofreram profundas influências das correntes filosóficas dominantes. No entanto é possível encontrar no seu pensamento alguma originalidade. 

Paulo Orósio
Alguns filósofos medievais eram homens do Norte



O primeiro pensador relevante aparecido no que viria a ser o espaço português foi Paulo Orósio. Natural da região de Braga, nasceu em finais do século IV.Discípulo direto de Santo Agostinho, foi influenciado pelas suas conceções filosóficas e teológicas, sendo também marcado pelo ambiente religioso agitado do noroeste da península, combatendo as heresias, a saber: o priscilianismo, o origenismo e o pelagianismo.
Orósio escreveu entre outras obras, a História contra os pagãos (Historiarumadversuspaganos,libri VII), em 417. Trata-se do primeiro tratado de História universal escrito no seio da cultura cristã, tendo sido objeto de mais de mil reproduções manuscritas ao longo de toda a Idade Média, chegando a ser traduzida em árabe.
Nesta obra, Orósio disserta sobre a história encarada sob o ponto de vista do homem universal, libertando-se da conceção de tempo enquanto repetição cíclica que lhe dera Políbio. Para Orósio a história não é uma espécie de eterno retorno, é um processo linear e progressivo. Com base nesta conceção histórica, Paulo Orósio, procura demonstrar que o cristianismo não foi a causa imediata da queda de Roma às mãos de Alarico, rei dos Godos, como pretendiam os «pagãos». Defende que os acontecimentos são relativos, sendo apenas compreensíveis mediante a sua integração em séries sequenciais mais vastas e fazendo uso do método comparativo. É este enquadramento que permite que descortinar o seu significado pleno. Assim sendo, defende que ao contrário do que os pagãos afirmam, Roma não caiu em virtude da sua conversão ao cristianismo e do abandono das divindades pagãs. Dizer isto significa sobrevalorizar o presente, esquecendo que antes de Roma existiram três impérios, que também ruíram, sem que o cristianismo tivesse sido adotado como religião oficial.
Se todos os homensiguais por natureza, a vitória de um povo ou de uma nação faz-se sempre sobre a ruína e o sofrimento ou desespero de muitas outras, como sucedia com a sua Galécia, tão flagelada pela soberba e ambição dos invasores. Mesmo sobre o sofrimento de tantos povos vencidos, Roma foi o mais privilegiado dos impérios do mundo, o que corresponde a um claro desígnio divino. Na sua filosofia da história, tal como para a filosofia cristã em geral, a ética é a chave que permite explicar os acontecimentos históricos, visto que a desarmonia social e a guerra injusta são também a expressão da desarmonia interior da pessoa humana. Sendo a história conduzida pelo Deus dos cristãos, a essência do Império Romano permanece, pois, intacta.
Obras
Patrologia Latina, 31, 653-1216; Syntaktische, semasiologis cheundkritische Studienzu Orosius, Upsala, 1922 Histoiarum adversum paganos, libri VII, recentuit et commentario Carolus Zangemeister, Hildesheim, 1967. História contra os Pagãos (tradução portuguesa de J. Cardoso), Braga, 1986.
Bibliografia:
CALAFATE, Pedro (org), História do pensamento filosófico português, Lisboa, Editorial Caminho, 1999, v. I.
LACROIX, Benoit Lacroix, Orose et ses idées, Paris, 1965.
MARTINS, Mário ,Correntes de filosofia religiosa em Braga, Braga, 1950.
MARTINS, Diamantino Martins, «Paulo Orósio: sentido universalista da sua vida e da sua obra» em Revista Portuguesa de Filosofia, 11 (1955-I) pp. 375-384.
SILVA, Lúcio, «Introdução a Paulo Orósio», Ensaios de Filosofia e Cultura Portuguesa, Braga, 1994.


Trabalho realizado pelos alunos: Ana Cerqueira, Ana Silva, Beatriz Jesus, Carla Afonso, Helena Silva, Marcos Loureiro, Maria João Gomes, Mariana Freitas, Mariana Gonçalves, Vera Gonçalves, alunos do Curso de Humanidades, 10º C.

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